Ser feliz, se encantar com o novo!
No mês de junho fui à capital do nosso amado Brasil. Nunca tinha viajado de avião, a sensação anterior a embarcar, era mais de ansiedade pelo novo, que pelo medo do tão temido meio de transporte. Mas por via das dúvidas tomei um calmante. A ida foi tranquila, subida e descida suaves. Acordada o tempo inteiro, me encantei com as luzes distantes das cidades por onde passei, tirei muitas fotos e me senti uma criança se divertindo num novo brinquedo, quem sabe uma montanha russa. Aproveitei a descida pra tirar fotos das luzes de Brasília. O retorno foi ainda melhor, durante o dia, entre as nuvens, me senti em êxtase, filosofei: “sempre tive medo de voar, mas percebi que é seguro, e apesar das turbulências, é muito bom estar entre as nuvens”.
Pensei sobre a vida, sobre os nossos temores, nossos medos de arriscar. Quanta coisa podemos fazer, quantos sonhos podemos realizar, mas por receio das “turbulências” guardamos nossas melhores ideias num cantinho bem protegido das críticas e do prenúncio de um fracasso. Como assim? Como podemos nos emponderar da capacidade de previsão da derrota sem tentativa alguma? Porque somos propensos a acreditar que não vai dar certo ao invés de esperar resultados melhores?
Este é o ser humano, esta sou eu, depois do avião um pouco menos medrosa, este talvez seja você. Se for, espero que tenha uma experiência como a minha, que te sirva de catarse para realização dos sonhos, porque eu te digo uma coisa, se temos uma ideia e a guardamos, a escondemos do mundo, nunca saberemos se ela poderia ser um sucesso, ou não. E não ser um sucesso, não deve ser frustrante, quando os esforços foram empregados em busca dessa realização, o que deve frustrar é o não tentar, é o sempre “eu acho que se fizesse isso...”.
Voltando a minha experiência no avião, certo dia em uma palestra, falei sobre as sensações e o que elas produziram em mim de positivo. Soube alguns dias depois, que alguém da platéia se escandalizou, não achava que uma experiência num avião fosse algo importante a ser dito numa palestra, “ela está se achando porque viajou de avião”. A pessoa é do tipo que com nada se encanta, nada lhe traz novas sensações. Eu não! Sou extremamente sensível, até olhar uma formiguinha caminhando pode me fazer pensar por horas. E isso é muito bom! Isso me renova, me mantém em contato comigo mesma e com os conhecimentos que a vida já me permitiu, me ajuda a produzir mais conhecimento. Isso me torna mais feliz, porque pra mim o conhecimento é uma fonte de prazer.
Voltando as nuvens, não as que eu estive entre elas, mas as que meu filho (dois anos) observou, olhando pelo vidro do carro. Esplêndida a admiração dele, ele olhava com tanto entusiasmo e gritava em êxtase: “a nuvem, tanta nuvem”. Não foi muito diferente do que eu vivi naquele avião, com a diferença que nós adultos, se não perdemos a capacidade do encantamento com o novo, abafamos, por vergonha inexplicável, nosso estado de êxtase.
Se encantar com o novo é muito bom, fazer desse encantamento fonte de inspiração para novos sonhos, novas ideias, é melhor ainda. E se a coragem, apesar das turbulências, nos permite ir em busca desses sonhos é, sem dúvida, um dos segredos da felicidade.