Repartição Morfológica
Na vida a gente está sempre sofrendo. É problema na família; no relacionamento; no profissional; no educacional. Nosso radical é acoplado com essa infinidade de prefixos que parecem sempre seguir a regra do “in”, como se tudo que nos acometesse fosse uma negação àquilo que faz bem.
E quando começa a dar tudo errado, os problemas vão desde o signo até o malfadado mês amaldiçoada – Agosto está aí e não nos deixa mentir. Nossa propensão a valorizar apenas o lado negativo é um caminho tracejado para a frustração. Os objetivos são nublados pela falta de tato em lidar com a intempéries, e talvez a afobação em definir resoluções na velocidade da luz, sejam a principal causa desse brilho ser sugado pelo buraco negro do fracasso.
Estamos sempre correndo contra um tempo que nós mesmos criamos, pegando um relógio que gira no horário correto e adiantando os ponteiros a modo de dizer que perdemos a hora. Como se houvesse uma necessidade de se manter em movimento; em movimento desesperado. Não há mais aquele aproveitamento – a degustação do momento como se cada minuto correspondesse ao tempo de uma vida (e há vidas que duram menos do que isso). Esquecemos que da palavra possível, não existe apenas a alternativa de se escrever impossível. Há também a habilidade em tornar aquilo real, e criar para si um mundo de POSSIBILIDADES.
E desse mundo, a capacidade de se desenvolver faz do céu o limite. As palavras novas surgem num piscar de olhos, e a agramaticalidade desaparece como se nunca tivesse existido.
Talvez devêssemos estudar um pouco mais de português. Aplicar na vida o que o estruturalismo gramatical nos ensina. Que toda estrutura é passível de segmentação. Sejam elas significativas ou não. Cabe a nós ter sabedoria para usar o radical, e escolher os sufixos que mais nos apetecem.