Eu gosto do Padre Alessandro, o Cantor
Eu gosto do Padre Alessandro, o Cantor.
Até já confessei para a Emerenciana. Ele é o companheiro ideal para a gente acompanhar naqueles ambientes pecaminosos, que ela abomina. A sua voz, o carisma, a roupa branca, aquele chapéu... não há quem resista, sempre sobra alguma coisa para quem está do seu lado, uma farra com ele por perto dura mais de mês!
A Emerenciana fala que é implicância minha, mas de uns tempos para cá, estou tomando raiva do meu ídolo. Não do seu jeitão sertanejo, dos seus convidados, da cantoria, do estilo de apresentação do programa, disto tudo contínuo fã, mas tem uma coisa que não está batendo!
Quando o câmera dá um close na plateia e vejo aquelas pessoas sorridentes, espontâneas, pode-se contar, a maioria idosas, esperançosas, penitentes, confiantes, suplicantes de atenção e carinho, fico indignado. Deve ser, como a Emerenciana diz, implicância minha.
Eu sei, alias sou defensor do modo de produção capitalista, único sistema na história da humanidade que deu conta de a tirar da miséria, apesar de todas as contradições. Inclusive é o modo que permite o Padre Alessandro e o Faustão progredirem na instância midiática, e ao mesmo tempo, alguém manifeste o agrado ou o desagrado pela suas atuações, de maneira autônoma e com liberdade.
Sei também, que para o Padre Alessandro continuar no ar, alimentando a esperança, a ilusão e alegria daquelas pessoas precisa, como o Faustão, de patrocínio.
O que não está batendo é que o meu ídolo, usando de todo o seu carisma, de toda a sua roupagem alva, venda produtos para curar a diabete, as dores do nervo ciático, as marcas da velhice, chegando mesmo a, na frente das câmeras, se deliciar com poções mágicas, como se a sua juventude delas precisassem...
É. Estou ficando velho e implicante!