Arquivo morto

Arquivo Morto

Existe uma tendência de que as coisas simplesmente diminuam ou até se acabem. Não digo em sua forma como a calvície (fim da cabeleira) ou aquela preponderante barriguinha (como um adeus à boa forma) mas quero falar na essência, em sua constituição, ou propriamente da evolução como por exemplo o que se ver nas mídias e aparelhos eletrônicos em sua capacidade de capturar, gravar e reproduzir sons. Só que estas mudanças, acabam por tirar algumas características que se não essenciais, pelo uso tornaram-se bastante funcionais.

Há pouco tempo, tínhamos em casa, uma estante onde colocávamos os nossos preciosíssimos discos antes de de cera e depois feitos em vinil, os chamados Long Plays. Os “LPs” tamanho grande e os discos compactos ,com uma ou duas faixa de cada lado, as Fitas K7, de rolo, e as de vídeo tipo Betamax e VHS, sem falar em outros formatos, menos conhecidos.

Com o aparecimento das novas tecnologias, entramos na era do som digital, mudaram-se os nomes, som e imagens ganharam status de mídias, as gravações passaram e se chamar arquivos, e com a evolução destas, os discos de armazenagem de dados, apresentados primeiramente em disquetes flexíveis, evoluídos depois para o formato de de discos rígidos tipo MD, CD, DVD, passaram a ter um novo corpo mais resistente, e a coisa foi se aperfeiçoando a cada dia.

O pior, ou melhor, é que tudo variou de forma inversamente proporcional em relação ao tamanho, físico, versus capacidade de armazenamento.

É grande a diferença entre estas e as apresentadas com esta nova formatação. Não quero reclamar é obvio da “qualidade” na troca de ferramentas afinal, escrevo (digito) estas linhas em um teclado de uma CPU de uma forma tão natural como se estivesse sobre a minha esquecida máquina de escrever. O computador quando usado apenas com esta nesta função, bem que poderia ser chamado de máquina de digitação ou algo parecido.

Voltando a idéia inicial, tenho saudades daquelas embalagens dos discos, tipo álbum geralmente duplos com a letra das músicas, fotografias e até pequenos históricos dos interpretes, ou mesmo com motivos diversos que davam um toque especial já nos conquistando a primeira vista pela beleza externa contextualizada na capa, como aperitivo antecipado ao prazer que viria com o deleite de ouvir o som extraído pelo atrito da agulha ao percorrendo as ranhuras dos discos, para pré amplificação do som, pelos cristais em cápsulas cerâmicas ou magnéticas. Trabalhei muito tempo em lojas de disco, e via no rosto das pessoas a satisfação de ter às mãos estas maravilhas.

Bons tempos do velho vinil. Não que eu sinta falta do chiado da agulha, mas é que a partir dos gramofones, fonógrafos e vitrolas, os discos sofreram mudanças, grandes transformações, inicialmente de cera, depois de vinil, normalmente pretos, em diversas rotações por minuto, alguns fugiam da cor padrão, principalmente os infantis..

Não conheci os de setenta e oito e quarenta e cinco, convivi apenas com os modelos de trinta e três RPM...

Outro dia ganhei um CD gravado em MP3, com quatrocentas e sete músicas, tinha uma boa qualidade, mesmo considerando a compactação das frequências nas faixas de graves e agudos, imaginei quantidade de discos que seriam necessários para comportar tantas músicas...

Perdeu-se um pouco da graça do manuseio das capas, de suas cores e da procura dos nomes das canções, dos compositores e de seus intérpretes, ainda sinto o cheiro daquelas caixas, muito esperadas a cada lançamento, com gravações originais e inéditas, pois não havia a possibilidade de produção de “genéricos” e de serem encontrados na próxima banca de ambulantes...

É a mesma sensação que se experimenta ao se ler uma obra sem antes passar os olhos pelo prefácio, apresentação e “orelhas”. Tenho a minha frente um “Pen Drive” aí a coisa complicou (ou facilitou) de vez principalmente em matéria de espaço para gravação de grandes conteúdos, com capacidade de armazenagem de dados em milhões de bites, estes também já perderam a preferência para os chamados cartões de memória, com maior quantidade de velocidade de transferência, entre outros, os modelos mais usados: CF, SM, MMC, MS, SD SDHC e XD. Temos em nossos computadores os Hard Disk's que armazenam a memória dos computadores em quantidade jamais imaginada, e o uso cada vez maior do Blu-ray.

Para nosso alento, estão ressuscitando os bolachões, até já se encontram novamente a venda as eletrolas , estas, com a vantagem de trazerem agregadas as opções de USB SD, FM e Bluetooth.

Um premio à persistência quando em movimento contrário às inovações, termos nos mantidos fiéis aos nossos companheiros de entretenimento , guardados respeitosamente em nossos armários.

Paulo Ivan
Enviado por Paulo Ivan em 24/09/2016
Reeditado em 12/09/2017
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