Kikiki...Cááá´cácácá..

Sacudia tanto no riso que espaventou os passarinhos, cantavam envolta da moça, escafederam-se. Conseguiu depois de muito tempo gargalhar de verdade, coisa boba, insignificante para o olhar da razão. A honestidade cumpriu nela desarrumando a casa, que estava posta com toda mobília , o ser conforme deveria. Continuou sendo, mas naquele instante nem ela apercebeu o que tinha, recurso natural para faxinar a ordem inanimada do interior.

O êxtase repentino de um riso pode ser superior a eficiência de qualquer fármaco, quando vira costume umedece a visão, como trabalho do jardineiro regando o jardim. A secura que desencadeia a morte do encantamento fica quase extirpada da alma.

Se não fosse a caixinha de surpresa que é o futuro, fazendo das emoções como pitbull com a presa na mordida, o riso seria a carta de alforria para ascensão definitiva da alma rumo a realização, que seria tomada a força a partir dele.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 24/09/2016
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