OS NOIVOS

Uma cena me distrai por um instante, enquanto paro no cruzamento das vias aguardando o sinal abrir, observo saindo de um carro uma moça, vestida a caráter para o casamento em um cartório ali próximo, o sol de quase meio dia faz resplandecer a alvura do lindo e perolado vestido, contrastando aos cabelos pretos enrolados num caprichado penteado.

Como acompanhante, o pretenso marido, de blazer escuro bem alinhado para o evento, seguidos por um casal, provavelmente pais ou padrinhos de um dos noivos, portando a mulher um buquê de flores, aguardam a vez de atravessarem a rua.

Próximo da esquina vejo o início de uma fila à porta do recinto, imagino o desconforto pelo qual passam essas pessoas, pelo fato de que o interior deste, não comporta o número de usuários que precisam de atendimento diário, agravado neste caso, pelas vestimentas escolhidas, apropriadas à cerimônia civil.

As primeiras da fila já mais sossegadas, abrigadas na sombra sob a estreita marquise do prédio, enquanto as demais ocupam a calçada, aguardando com impaciência a vez, em cumprimento as suas ordens de chegada, o casal de nubentes junta-se a estas.

A irritante buzina de um condutor me alerta sobre o sinal, volto a realidade seguindo meu curso, na certeza que na vida alguém sempre tem pressa.