Recomendação da minha vó

No mundo tudo passa, exceto passageiro muito gordo, em transporte urbano, tem concessão, para evitar a catraca... ele não passa.

Velhas idiossincrasias marcam pessoas e, sobretudo personagens em filmes, ou seriados, e algumas delas nos deixam intrigados, com aquela necessidade de se apelar a velhos cacoetes recorrentes, que enfatizam a atuação, ou propósito do ator na cena.

Em um determinado seriado policial, a figura central, o mocinho, usa e abusa do direito de inclinar a cabeça para um dos ombros, é sabido de ombros que suportam o mundo (Drummond)... mas ombros que suportam cabeças? Imaginem esse ator, se não fosse ator, mas sim pedreiro, como iria verificar o prumo das superfícies? Para ele, tudo seria inclinado.

Um sucesso musical muito antigo, Encosta sua cabecinha nos meus ombros e chora; para ele essa letra seria uma ato de invasão possessória, afinal ele já tem os ombros tomados, por sua própria cabeça. Para atirar, ele repete o hábito, e deixa sua cabeça encostar em um dos ombros, comenta-se que ele efetua os melhores disparos, quando o bandido encontra-se na horizontal, mas isso deve ser intriga.

Já me ocorreu dormir no cinema, quando minha cabeça também se inclina, e eu acordo com um forte torcicolo; será que essas importunas dores acometem aquele herói?

Se todos têm um pouco de detetive e de médico, eu estive ausente da fila, no momento em que esses atributos foram distribuídos, nunca soluciono crimes, e me esforço ao máximo, para prescrever qualquer medicamento, mas, no caso em concreto, eu me atrevo a recomendar, se é que ele pode ler meu texto, Emplastro Poroso Sabiá, por três razões significativas:

1- O mencionado produto é de reconhecida eficácia;

2- A receita não é minha, mas da minha avó;

3- E tudo que minha vó recomendava.... conta, até hoje, com meu aval.

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 22/09/2016
Reeditado em 22/09/2016
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