Os Cadernos
...e foi assim que a revista televisiva abriu seus blocos noticiando aquele caderno. Não era um caderno comum.
Era timbrado com o escudo de uma escola municipal que já nem existe mais. Mas o tal sobreviveu ao século. Folhas amarelejadas pelas décadas. Trazia iniciais de um próprio, um bilhete endereçando a um responsável e uma data: 1920.
Fora esquecido no banco de um metrô da metrópole. Achado por zeladores foi guardado. Poderia ter sido com o tempo que transcorrera, jogado no lixo, usado como rascunho indevidamente ou sucateado. O capricho que retratava o salvou do desprezo.
O caderno trazia desenhos bem elaborados e poemas transcritos à bico de pena. Pela arte que encerrava suas folhas fora guardado e sobreviveu ao século.
Quem produzira com tamanho esmero tal veículo de papel? Pertencera a quem? A quem se referia aquelas iniciais? Quem fizera tais ilustrações com tamanha delicadeza? Quem fora suficientemente sensível para transcrever aqueles poemas?
À primeira vista era uma notícia sem importância para abrir aquele programa de domingo a noite. Em meio a tantas reportagens noticiosas e repletas de ódios e amarguras, naquele dia fizeram bem os editores em começar a reportagem falando de sensibilidade, poemas e cuidados.
Os repórteres responsáveis trilharam as pistas investigativas e encontraram o neto da autora do tal caderno de poemas finalmente.
Estava solucionado o mistério.
***
Eu também tenho os meus cadernos.
Eu escrevo e os deixo ali como quem lança uma garrafa com bilhete ao mar para encontrar amores. Quero leitores! Amores para os meus versos.
Como sei que um poeta não pertence ao seu tempo e sim ao futuro, eu escrevo para ser achado depois quando chegar a hora.
Quando chegar a hora chegará também os leitores certos. Os decodificadores daquelas rosetas, os meus mistérios escritos em hieróglifos de sentimentos e pensamentos.
Vou escrevendo poemas, pensamentos e crônicas e já até esquematizei um livro contando a saga de família.
Os deixo ali. Empilhados. Guardados em suas capas duras e coloridas.
Um dia eles, os cadernos, serão achados e lidos... e Eu serei encontrado após me diluir em poemas.
...e foi assim que a revista televisiva abriu seus blocos noticiando aquele caderno. Não era um caderno comum.
Era timbrado com o escudo de uma escola municipal que já nem existe mais. Mas o tal sobreviveu ao século. Folhas amarelejadas pelas décadas. Trazia iniciais de um próprio, um bilhete endereçando a um responsável e uma data: 1920.
Fora esquecido no banco de um metrô da metrópole. Achado por zeladores foi guardado. Poderia ter sido com o tempo que transcorrera, jogado no lixo, usado como rascunho indevidamente ou sucateado. O capricho que retratava o salvou do desprezo.
O caderno trazia desenhos bem elaborados e poemas transcritos à bico de pena. Pela arte que encerrava suas folhas fora guardado e sobreviveu ao século.
Quem produzira com tamanho esmero tal veículo de papel? Pertencera a quem? A quem se referia aquelas iniciais? Quem fizera tais ilustrações com tamanha delicadeza? Quem fora suficientemente sensível para transcrever aqueles poemas?
À primeira vista era uma notícia sem importância para abrir aquele programa de domingo a noite. Em meio a tantas reportagens noticiosas e repletas de ódios e amarguras, naquele dia fizeram bem os editores em começar a reportagem falando de sensibilidade, poemas e cuidados.
Os repórteres responsáveis trilharam as pistas investigativas e encontraram o neto da autora do tal caderno de poemas finalmente.
Estava solucionado o mistério.
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Eu também tenho os meus cadernos.
Eu escrevo e os deixo ali como quem lança uma garrafa com bilhete ao mar para encontrar amores. Quero leitores! Amores para os meus versos.
Como sei que um poeta não pertence ao seu tempo e sim ao futuro, eu escrevo para ser achado depois quando chegar a hora.
Quando chegar a hora chegará também os leitores certos. Os decodificadores daquelas rosetas, os meus mistérios escritos em hieróglifos de sentimentos e pensamentos.
Vou escrevendo poemas, pensamentos e crônicas e já até esquematizei um livro contando a saga de família.
Os deixo ali. Empilhados. Guardados em suas capas duras e coloridas.
Um dia eles, os cadernos, serão achados e lidos... e Eu serei encontrado após me diluir em poemas.
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 12/09/2016.
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