Dinheiro abençoado.
Meu nome é Alice.
Ha cinco anos atrás vivi momentos de muita angústia.
Desempregada e com as contas batendo à porta.
Numa segunda- feira quebrei o cofrinho, separei valor para as passagens e saí cheia de esperança para entregar uns curriculos no centro da cidade onde a oferta de emprego era maior.
Contando com o engarrafamento calculei umas cinco horas para ir e vir.Daria para segurar a fome. Sede era mais fácil saciar - bastava entrar numa agência bancária.
Não previ o imprevisto e o danado do ônibus furou o pneu e ficamos quase meia hora para pegar o outro.
Mas a esperança andava do meu lado e não desanimei.
Chegando ao Centro fui entregando os currículos.
Ao passar pelo Largo da Carioca um temporal desabou e tive que me abrigar numa loja.
Meu estômago deu um sinal de fome e fingi não notar.
Não poderia me dar ao luxo de pensar em comida mas o cheiro gostoso de pastel atiçou a fome.
Quando a chuva deu.uma trégua acelerei o passo em direção ao ponto de ônibus.
Não via a hora de voltar para casa e comer meu feijão com arroz ovo e uma salada de tomate com cebolas.
Agradeci a Deus por ter comida em casa.
A chuva voltou a cair, acelerei mais os passos e o.cadarço do meu tenis desamarrou.
Ao me abaixar tive uma grande alegria: Uma nota de cinquenta reais me olhava!
Toda molhada e meio pisada.
Peguei, olhei ao redor e só vi pessoas apressadas correndo da chuva.
Era uma bênção de Deus para mim.
Agradeci e pedi que não fizesse falta a quem a tinha perdido.
Meu estômago voltou a me lembrar que precisava de comida.
Entrei num boteco e pedi um pf e um refrigerante.
Comi devagar e feliz. Não precisava de pressa.
Com o que sobrou comprei um guarda-chuva e passei no supermercado para comprar pão e ovos e ainda guardei para uma possível chamada para entrevista.
Aquele dinheiro era abençoado.
Naquela mesma semana fui chamada para entrevista e hoje sou supervisora.
Sempre me emociono quando lembro desse dia porque sei que Deus estará sempre do meu lado.