Sala de aula - espaço pequeno
Sala de aula - espaço pequeno
Sou uma pessoa de inquietações e isso me provoca outras vontades. Cresci e o espaço de sala de aula se tornou pequeno para mim. Necessito de outros espaços, de novos papos e ousadas experiências.
Estou saturado da falta de diálogo perdido no tempo e no senso comum de não sei, não vi, não interessa, desconheço o assunto. Saturado de apenas transmitir o que outros tantos não estão interessados em saber. Não consigo me enganar, também não consigo enganar os outros: estou ilhado porque o espaço de sala de aula me incomoda, emodura-me, engaiola-me, é asfixiante!
Necessito de mim acreditando na possibilidade de outros voos, de novas verdades e participações em outros ciclos mais empoderados. Cansado de não conseguir ressignificar uma prática em um modelo de escola em que professores acham que ensinam e alunos têm certeza que não compreendem nada, nem o mundo ao seu redor.
Daqui a pouco já é hora do exercício diário e o sentimento aflito em mim é o dos escravos que iam às plantações por obrigação e opressão.
Cresci, o conhecimento e a descoberta da ignorância fazem isso conosco: ninguém consegue ser o mesmo depois que descobre o conhecimento e sabe o quanto ele é capaz de transformar você em um ser pensante. Ninguém consegue ser o mesmo quando descobre que a perpetuação da ignorância impede os pássaros de voar e as flores desabrochrem para o embelezamento da vida.
Eu quero a metáfora da metamorfose do Raulzito, porque não quero viver encharcado da soberba de aceitar o cômodo e o intragável! Necessito de um devir que me faça pensar no oráculo socrateano: Conhece-te a ti mesmo.
Antes eu não sabia, mas agora eu sei, sei que o espaço da sala de aula se tornou pequeno e ele me sufoca, mesmo que as paredes se pintem de outras cores e a lousa mude de lugar, os jarros serão os mesmos e as flores artificiais fabricadas, prontas por esse sistema globalizado e consumista de produzir objetos efêmeros.
Cansado, muito cansado da falta de utilidade....
Marcus Vinicius