Santiago sem perdão
Santiago era uma cidadezinha pacata, situada no interior da região sudeste. Com poucos habitantes, era constituída por uma Prefeitura, um pequeno Posto de Saúde, o Grupo Escolar, uma Pracinha, a Delegacia de Polícia – sempre vazia—e uma Igreja, muito freqüentada, já que os santiaguenses, em sua maioria, eram fervorosos cristãos.
Quando amanhecia em Santiago, o sol iluminava toda a beleza de seus campos, de suas flores multicoloridas e de seu solo, que era fértil e dele tudo brotava. As pessoas que moravam em Santiago viam a vida passar. Tinham como principal atividade a agricultura, mas só trabalhavam quando queriam e esperavam da vida toda prosperidade que ela pudesse oferecer-lhes sem, no entanto, fazer qualquer esforço.
Aos domingos, pela manhã, reuniam-se na Igreja para a santa missa e tudo, e de tudo pediam a Deus. Pediam saúde, riquezas.....Os dias e as noites iam passando sem que eles se dessem conta de que já tinham o principal: a terra para que dela tirassem seu sustento e, a saúde para que na terra pudessem trabalhar.
O tempo foi passando e os santiaguenses, não percebendo, jogaram fora seu maior tesouro: a terra, que antes era fértil, empobrecera e tornara-se seca e, como se não bastasse, a chuva – antes abundante-- não mais descia; a vida em Santiago ficara difícil e toda a cidade à Deus mais uma vez pedia: Que do solo voltasse a brotar o alimento e que o céu chorasse novamente. Dias e noites se passavam e os habitantes de Santiago continuavam a pedir, sem compreender que para manter tal riqueza é necessário esforço e trabalho.
Então, o Criador, cansado de tantos pedidos, da ambição e preguiça de suas criaturas, decidiu conceder-lhes o pedido: o céu de Santiago chorou e tanta foi a chuva que a cidade inundou. De Santiago? Nada restou. Sobreviventes? Somente dois: Eu que relato esse episódio, que além de ateu sou mudo e o gatinho de Dona Angelina, que não pede apenas mia.
Lu Andrade