REGIÃO SUL DO BRASIL ( Regiões do Brasil )
Região Sul do Brasil é a região territorialmente menos extensa desse país.[5] Tem uma área terrestre de 576 774,31 km²,[1] sendo maior que a área da França metropolitana e menor que o estado brasileiro de Minas Gerais. Faz parte da Região Centro-Sul do Brasil.[6] Divide-se em três unidades federativas: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul[5], sendo limitada ao norte pelos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, ao sul pelo Uruguai, a oeste pelo Paraguai e pela Argentina, além de ser banhada a leste pelas águas do oceano Atlântico.[5] É única região brasileira localizada na porção sul abaixo da zona tropical, com as estações do ano variando nitidamente; contudo, a parte norte situa-se acima do Trópico de Capricórnio.[5] No inverno, caem geadas e, com maior raridade, neve.[5] O relevo da Região Sul do Brasil tem uma pequena quantidade de acidentes geográficos, predominando um grande planalto, geralmente, de pequena elevação.[7]
A maior característica da Região Sul do Brasil é o modo de colonização e o tipo de colonizadores recebidos.[8] A Região Sul do Brasil começou a ser colonizada durante os séculos XVII e XVIII.[8] Em 1648, os portugueses foram os fundadores da vila de Paranaguá, a mais antiga cidade da Região Sul do Brasil e do Paraná.[8] As populações alóctones recebidas pela região foram uma pequena quantidade de escravos africanos, porém, uma grande quantidade de imigrantes vieram do Uruguai, da Argentina, dos Açores, da Espanha, da Alemanha, da Itália, da Polônia, da Ucrânia, dos Países Baixos, entre outros.[8] A característica populacional dada pelos europeus que contribuíram para o processo de formação da sociedade brasileira do século XIX foi a predominante etnia caucasiana[8], sendo deixadas na paisagem características dos países de onde originaram (casas, transportes, uso do solo). Os europeus foram os introdutores do sistema de pequenas e médias fazendas.[8] A ciência agrícola trazida da Europa para o Sul do Brasil foi a viticultura, adaptada à Serra Gaúcha.[8]
A população das cidades da Região Sul cresceu muito nos anos mais recentes.[9] As cidades mais populosas da Região Sul do Brasil são, em ordem de quantidade de moradores, Curitiba e Porto Alegre.[10] O desenvolvimento industrial foi iniciado nas décadas mais recentes, em principal no Rio Grande do Sul, nordeste de Santa Catarina e Região Metropolitana de Curitiba.[11] Na região de Criciúma, em Santa Catarina, estão localizadas quase a totalidade das reservas de exploração de carvão no Brasil.[12] O potencial energético, que as inúmeras cachoeiras dos rios das bacias hidrográficas do Paraná e do Uruguai representam, hoje se aproveita muito nas usinas hidrelétricas como a de Machadinho, próximo a Piratuba.[13]
A Região Sul propriamente dita é um grande polo turístico, econômico e cultural, abrangendo grande influência europeia, principalmente de origem italiana[14] e germânica.[15] A região Sul apresenta índices sociais acima da média brasileira e das demais regiões em vários aspectos: possui o maior IDH do Brasil, 0,831,[16] e o terceiro maior PIB per capita do país.[17] A região é também a mais alfabetizada, 95,2% da população, e a com menor incidência de pobreza.[18] Sua história é marcada pela grande imigração europeia[19], pela Guerra dos Farrapos[20], e, mais recentemente, pela Revolução Federalista[21], com seu principal evento o Cerco da Lapa.[22] Outra revolta ocorrida na história da região foi a Guerra do Contestado,[23] entre os é o limite norte da parte de clima subtropical da Região Sul do Brasil, sua colonização tem ligação à economia paulista que expandiu-se em território paranaense.[31]
Apesar dessa distinção, estas paisagens geoeconômicas integram-se, o que torna possível a caracterização da região como a de maior uniformidade do Brasil em relação ao índice de desenvolvimento humano.[31]
História
Ver artigo principal: História da Região Sul do Brasil
Povos indígenas, chegada dos jesuítas e bandeirismo
História da Região Sul do Brasil
Ruínas de São Miguel das Missões.
Monumento ao Tropeiro no município da Lapa (PR).
Casal de imigrantes italianos que vieram para o Império do Brasil na década de 1870 e estabeleceram-se no Rio Grande do Sul.
O território da atual Região Sul do Brasil foi habitado originalmente pelos povos indígenas, principalmente os guaranis (mbyás),[38] os kaingangs[39] e os carijós.[40] Posteriormente, ocorreu a chegada dos padres espanhóis da Companhia de Jesus para a catequização dos indígenas.[41] Os padres jesuítas foram os fundadores de aldeias que chamavam-se missões ou reduções.[41] Os indígenas que passavam a sua vida nas missões eram criadores de gado, agricultores e aprendizes de ofícios.[41]
Os bandeirantes da Capitania de São Paulo chegaram a atacar as missões jesuíticas para o aprisionamento dos indígenas.[41] Por essa razão, o local de residência dos jesuítas e dos indígenas foi abandonado.[41] Pouco a pouco, uma grande quantidade de paulistas foram sendo fixados na costa catarinense.[42] Os paulistas foram os fundadores dos municípios mais antigos do litoral, como Paranaguá, Florianópolis, Laguna e São Francisco do Sul, por exemplo.[42]
Tropeirismo, conflitos territoriais e tratados internacionais
Os paulistas também estavam interessados no comércio do gado.[43] Durante a vinda dos tropeiros, ou seja, os que comercializavam gado, foi reunida a criação de gado livre pelos campos.[43] As mulas, os cavalos e o gado franqueiro foram levados para a venda nas feiras de gado em Sorocaba.[43] No trajeto de passagem dos tropeiros, ocorreu o surgimento de povoados.[43] Os tropeiros também foram os organizadores das primeiras estâncias, ou seja, propriedades onde se cria gado.[nota 1] Os tropeiros, que transportavam o gado muar para a Feira de Sorocaba, eram os primeiros devotos de Nossa Senhora das Brotas entre os séculos XVIII e XIX.[44]
Para a defesa das estâncias que os tropeiros criaram, o rei de Portugal determinou a construção de fortes militares na região.[nota 2] Nos arredores dos fortes, ocorreu o surgimento de povoados.[45] Durante uma grande quantidade de anos, Portugal e Espanha guerrearam para se empossarem das terras do Sul.[46] As brigas foram continuadas e somente foram solucionadas com os tratados assinados.[47] Esses tratados foram os acordos determinantes dos limites das terras que localizam-se no sul do Brasil.[47]
Chegada dos imigrantes, povoamento recente e desenvolvimento agropecuário
O crescimento populacional foi grande depois que os imigrantes chegaram da Europa.[48] Os primeiros imigrantes vieram dos Açores.[nota 3] Após a imigração açoriana em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, ocorreu a chegada em principal de imigrantes da Alemanha (1824, São Leopoldo, Rio Grande do Sul)[nota 4] e da Itália.[nota 5] Demais agrupamentos buscavam a região para passar a sua vida.[49] Os imigrantes foram os fundadores de colônias transformadas em cidades de importância como, por exemplo, Caxias do Sul.[50]
Os solos de terra roxa do norte do Paraná e do oeste de Santa Catarina foram as regiões de povoamento mais recente.[51][52] O povoamento do norte do Paraná apareceu depois que foram criadas colônias agrícolas.[53] Migrantes de demais unidades federativas e de mais de 40 nações estrangeiras chegaram na região para serem colonos trabalhadores no cultivo de café e de cereais.[54] No oeste de Santa Catarina, foi desenvolvida a pecuária, além de serem exploradas a erva-mate e a madeira.[55]