Solidão
Falo da solidão, não dessa da casa vazia, de sair às ruas sem companhia e das conversas sem réplicas.
Falo da solidão com a casa cheia, da mesa composta e da cama sem espaço.
Falo da solidão da pessoa presente, mas que tem a presença vazia.
Falo da solidão que sinto ao olhar para ti e não ver resquícios de mim.
Falo da solidão que ao buscar seu olhar, não encontro o brilho que antes me refletia.
Que solidão é essa que me deixa fraca como pessoa e adoece minha alma?
Somos duas presenças e uma delas é muito vazia. A sua presença... presença fria.
Admito, não há mais o que eu possa fazer. Nem mesmo o café à mesa, o prato preferido, a roupa cuidada e a preocupação com o seu dia... ações que não recuperam o que um dia foi comum entre nós... os nossos sentimentos.
Tentativas frustradas como o beijo ao sair e ao chegar... quando há beijo é muito frio... tão frio quanto o seu olhar. E lá se vai a nossa intimidade. Se o beijo é considerado a maior intimidade entre dois seres, que triste... entre nós, praticamente, não há intimidade.
Um dia, talvez você me olhe e não se veja em meu olhar. Talvez você perceba o tamanho da minha solidão. Verás em meu olhar um vazio e na tentativa remota de se procurar dentro de meus sentimentos, não irás mais se encontrar.