A culpa sem culpa.

Você já pensou se falássemos como os jogadores de futebol ? Estaríamos fritos e esturricados !

O chefe te cobraria sobre uma tarefa mal concluída, e responderíamos : " Não estava focado, agora é pensar na próxima e trabalhar duro durante a semana.

A culpa nem foi minha, foi do fornecedor que não entregou, do "boy" que não chegou a tempo, da gripe inesperada, da mulher que não ligou , da chuva que molhou, a tinta que derramou...".

Temos uma propensão a culpar, a tudo e a todos, parece que é uma forma de proteção natural, como se a cada vez que reconhecêssemos um erro, estivéssemos somando um ponto negativo a auto condenação, e atribuo isso ao sistema cruel em que se trabalha, um tanto predador e injusto, que nunca valoriza a sinceridade. Pela frente, um "muito bem, valeu ter assumido a culpa, mostrou caráter", por detrás :" Babaca, ainda admitiu a merda, vou ter que fazer mudanças no setor...".

A palavra " culpa" já pesa uns 800 Kg , pesquisa apurada e feita por mim, ainda em estudo conclusivo, um número bem aproximado. As pessoas se defendem o tempo todo, sobre tudo, e ponderam as palavras, criaram uma arte de construir períodos compostos com a facilidade de um simples "bom dia", a tarefa de conversar ficou plastificada e fútil, tudo pode condenar.

Os emails estão carregados de reticências, alguns até abusam dos pontinhos ,que na verdade são apenas três, já vi quem coloca oito que é pra estender o que não querem dizer ( parece lógico ?), pois não é nem um pouco.

Um email um pouco mais incisivo gera uma resposta no mesmo tom, e provoca uma tréplica ainda pior, e uma "coisica " de nada vira uma meleca enorme, inflamada, com cópia até para o diretor empertigado ficar sabendo, e criando um clima ruim e desnecessário. Nunca responder no calor , pois depois que se esfria nos damos conta da bobagem e do exagero, é melhor levantar e ir tomar um café, e depois ligar pra pessoa, o tom já será outro.

Mostrar a fragilidade também nunca é boa coisa, nem se mostrar em demasia, pois as pessoas olham o próprio umbigo, e o mundo corporativo é sempre diferente do mundo real, as disputas (até inconscientes) existem e maltratam, e as amizades são ilusórias, pertencem somente a aquele espaço.

A ironia e o sarcasmo também não são boas ferramentas no relacionamento, a educação e respeito ,com uma pitada de bom humor ajudam, e sempre . Aqui me penitencio, levei um tempo para aprender, mas aprendi sozinho, refletindo.

Me lembro de um treinador antigo do Corinthians; Osvaldo Brandão, que quando estava de ovo virado e o repórter lhe perguntava; " Como o time vai entrar, "seu" Brandão ? ", ele respondia ; " De camisa, calção e meia ". Depois o repórter continuava : "E o gramado está bom ? ", " Sei lá, ainda não comi ". Pode até ser engraçado, mas não mais há espaço para essas coisas, certo ?

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 16/09/2016
Reeditado em 16/09/2016
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