Memória da infância

Para mim o principal período da vida é a infância. As lembranças e saudades da infância são, entendo, uma espécie de patrimônio inalienável e importantíssimo de qualquer ser humano, mesmo que essa fase da vida tenha sido permeada por dificuldades. Não importa. As recordaçõesdas primeiras emoções são fundamentais. Eu diria que é na infância que o homem - e mulher, claro - forma o seu caráter.

Penso que ´já li a maior parte dos relatos sore a infância escritos pelos grandes autores. E em todos há sempre a mesma conclusão: o homem de hoje pode até mascarar e esconder, mas ésempre o moleque dos tempos de criança. Ou como dizia Antono Maria: é sempre um menino grande.

Podem crer, aquele cara importante que vocês vêem, todo enfatiotato, empalitozado, engravatado, com um anelão no dedo, todo sisudo, trocaria toda essa fantasia chata para viver novamente um simples momento de sua vida de moleque de rua, de calças curtas, pés descalços, pintando setena sua Miraí, a sua cidadezinha, como Ataulfo Alves cantou a sua terra. O mesmo ocorre, acreditem, com aquelas socialites emperiquitadas, vestidas com aquelas roupas horrrorosas, de sltos altos não obstante os calos e o bico de papagaio, maquiadas e a maquiagem derretendo no rosto, todas elas dariam um quarto ao diabo para viver novamente um dia de molecas espevitadas brincando com aquelas bruxinhas de pano.

Quando menino as minas crises de asma ainda eram piores e inexistia a bombinha. Pois bem, eu guardo aqueles momentos, mesmo os dos ataques de asma, com muito carinho e saudade. Fui feliz e não sabia,sei hoje. Olha, não tenho raiva nem da asma porque ela, de certa forma, me faz lembrar dos meus tempos de criança. Nunca vou me arrepender da minha fidelidade àqueletempo. Pelo contrário, adoro quando alguém me diz: - Você era o moleque do Major (o apelido do meu pai).

Dise que li a maioria dos escritos dos grandes autores sobre a infância, vou lembrar apenas um trecho uma crônica do grande escritor pernambucano Luiz Cristovão dos Santos, filho de Pesqueira, nesse texto ele disseca o significado da infância, seus caminhos e emoções. Escreveu Luiz:

"Na verdade ninguém esquece os caminhos da infância. O pequeno país que ficou sepultado na bruma. Todo homem guarda no coraçãoa mesagem que lhe entrou pelos olhos, mal-abertos para os mistérios da vida. O importante, porpem, é reconquistar a paisagem perdida. Encontrar, novamente, os velhos caminhos. E por eles andar, de alma alegre, vendo desfilar o rosário das emoções ressuscitadas".

Ah, saudade.., saudade tão grande... Inté.