A vez de Marlene
Esqueçamos Emilinha. A hora é de Marlene. O ano foi 73 ou 74, quando a turma das Geo-Ciências, da UFMG, sob a liderança do Professor Fabiano, se não me engano, foi fazer uma visita às instalações da Mannesmann, em Belo Horizonte.
Era uma manhã límpida e seca e acredito que nosso ônibus tenha se enchido, dos cerca de 30 alunos que éramos então. Natural bulício, e nenhum bullying, no trajeto, ouso dizer, num universo em que as moças superavam os rapazes na proporção de 4 por 1. Os sonhos delas - meras querelas - pareciam engenheirar-se noutras direções...
Muito amistosamente, um dos diretores da empresa, alemão de natura e natureza, recebeu-nos, e juntos realizamos um fascinante tour pelo complexo siderúrgico, onde a estrela da produção eram os tubos sem costura.
Alinhavando o encontro, o alemão teceu loas à dedicação, à eficácia e à responsabilidade do trabalhador de sua Minas que comparativamente superava os índices de outras unidades do grande conglomerado pelo mundo afora.
Anunciado o tempo das perguntas, respondeu com precisão a um par delas, relativas à posição da Mannesmann no cenário mundial. Até que surgiu a pergunta de Marlene, naquele auspicioso contexto:
- O senhor elogiou o trabalhador brasileiro pela sua competência e dedicação. E quanto à remuneração, ele é pago conformemente?
O homem engasgou, puxou pelos céus e, segundo creio, a ajuda ainda não veio.