BONECAS
Taí, boneca nem sempre foi brinquedo... isso desde os tempos das cavernas pois a função era religiosa, manuseadas por sacerdotes e curandeiros, segundo estudos feitos por arqueólogos, antropólogos, historiadores e psicólogos. Presentes em todas as civilizações antigas, nas ‘mundiais’ CAVERNAS PRÉ-HISTÓRICAS eram pequenas e esculpidas em pedra. Para alguns cientistas era Vênus, deusa grega que simboliza a fertilidade, bonecas utilizadas em rituais que preparavam a mulher para a gravidez e outras cerimônias religiosas. A mais antiga do mundo, a Vênus de Willendorf, encontrada em caverna da Áustria, tem cerca de 30 mil anos - figura feminina redonda ou grávida, miniatura em pedra lascada. Muito mais tarde, EGÍPCIOS faziam ‘ushatbs’, bonecas funerárias de terracota, argila modelada e cozida em forno, de 10 a 23cm, colocadas nos túmulos dos faraós, representando escravos e parentes que num tempo anterior eram enterrados vivos (1600 a. C.) para acompanhar seu governante no outro mundo. As GREGAS, na época do casamento, ofereciam bonecas às deusas, para terem filhos. Entre os ROMANOS, erguiam altares com bonecas na festa do deus Lares, em maio, e bonecas celebravam o deus Saturno (símbolo do tempo), em dezembro, distribuídas às pessoas como presentes. Agora BRINQUEDO? Em Herculano, cidade do IMPÉRIO ROMANO destruída pelo vulcão Vesúvio (79 d. C.), foi encontrado, reservado pela própria lava, o corpo de uma menina abraçada a sua boneca - brinquedo favorito ou imagem sagrada, por medo da morte? Uma boneca de marfim foi encontrada no sarcófago da imperatriz Maria, esposa do imperador romano Honórius (século III), grandinha, articulada, roupa rica e joias. NA IDADE MÉDIA, bonecas eram vistas pela Igreja como objetos de feitiçaria, queimadas na fogueira com suas donas - na época, Inquisição, os não cristãos eram queimados vivos - bonecas apenas em presépios ou teatro de marionetes e fantoches.
Só a partir do SÉCULO XVIII, indústrias se multiplicando na Europa, bonecas se popularizaram como brinquedo, rapidamente passando de madeira delineada a rostinhos de louça chinesa, depois biscuit em perfeita imitação da pele humana - o século XIX foi o auge das românticas bonecas de biscuit: francesas e alemãs. DILEMA - As bonecas de biscuit quebravam com facilidade, as de cera derretiam, as de celuloide pegavam fogo facilmente, as de pano e madeira eram muito feias... O plástico e a borracha é facilitaram a confecção de bonecas mais bonitas e duráveis.
BONECAS EM RITUAIS RELIGIOSOS - 1 - No JAPÃO, dia 25 de setembro realiza-se o ‘Ninguyo Kuyo’, consolo das almas, as mulheres que não conseguem engravidar devem levar uma boneca para ser queimada no Templo Kiyomizu-Kannondo, em Tóquio. 2 - A boneca ‘ningyô’ (significa ‘forma humana e divina) é considerada sagrada - segundo a tradição, possui espírito e tem o poder de proteger o dono e purificar a casa. As primeiras eram feitas de palha ou papel e como amuleto ajudavam as mulheres na hora do parto e traziam sorte para a colheita; com o tempo, receberam quimonos de seda e rosto de porcelana. 3 - A lenda continua: aos 5 anos a menina ganha uma bonequinha, quimono de papel aromático, sem os detalhes pintados do rosto, confeccionada em papel especial pelos pais e no dia 3 de março, Festival das Meninas, as famílias rezam num altar pela felicidade das meninas. 4 - Também os japoneses colocam uma boneca de celuloide ao lado de uma criança doente para receber os mais fluidos e depois é jogada fora. // Elemento da cultura e da religiosidade AFRO- BRASILEIRAS, ‘Abayomi’ (da língua iorubá, significa ‘meu presente’ ou ‘meu momento’) é uma boneca de pano negra, feita de retalhos enrolados, perfumada, criação de uma artesã brasileira, sem uso de cola ou costura, e podem representar orixás do candomblé. Em alguns ritos africanos, a boneca seria parte da magia negra no culto vodu: feitas de cera ou pano, são espetadas ou queimadas para sofrimento das pessoas que representam. // No BRASIL, as antigas bruxas de pano tinha dupla finalidade: feitiçaria ou brinquedo de criação pobre.
FONTES:
“Bonecas simbólicas” - Revista MARIE CLAIRE, SP, agosto/01.
“A história real das bonecas” - Suplemento O GLOBINHO, RJ, 25/11/01.
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