O TRAUMA DE SER ASSALTADO

Já faz quase dez anos que não ponho os pés na capital. É que só em São Paulo fui assaltado duas vezes quando fazia turismo por lá. Disseram-me que é por ter jeitão de caipira. Os malandros manjam quem é do interior.

Fiz um saque na agência da São Bento. Peguei o ônibus para Paulista. Dentro do circular dois menores tentaram tirar o dinheiro do bolso da calça. Gritei para o motorista: tem batedor de carteira. Ele parou e abriu a porta. Os dois saltaram e fugiram.

Ao descer lá na Augusta/Paulista os dois estavam me esperando. Refugiei num bar. Peguei aquele ferro de baixar as portas e dei com vontade neles. Fiquei até com certo peso na consciência. Deve ter doído. Havia alguns clientes no bar mas nenhum tomou alguma atitude. Os paulistanos são assim. Indiferentes ao que ocorre ao redor.

Encostado à parede, assistia a um espetáculo de dança nordestina na Praça da Liberdade. Havia muita gente que entrava/saía do metrô. Era pelas dezessete horas. Nisso uma senhora bem vestida, com blazer e óculos, aproximou-se e pediu licença para falar comigo. Concordei com a cabeça. Ela pegou a bolsa, abriu-a e com a mão dentro segurando um revólver disse: não reaja.se não te apago. Passe todo o dinheiro que você tem. Entreguei-lhe o que tinha no bolso da camisa. Ela sumiu na multidão.

Atravessando aquele viaduto que liga os dois conjuntos próximo à rodoviária de Brasília, aproximou-se dois sujeitos corpulentos, um de cada lado. E simplesmente me intimou a entregar a carteira. O que fazer se não obedecer. Ninguém ao redor percebeu.

Até você evitaria se expor.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 14/09/2016
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