Fotografias de geladeira

No caminhar desse titilar, desse achar, dessa vida irregular, encontrei bem no fundo de uma caixa algumas fotografias... Nelas, recordei lembranças e momentos inesquecíveis, pessoas que realmente valeram à pena... Eu decidi pegar as fotografias que mais gostava e coloquei na geladeira, presas com ímã, todas elas estavam protegidas com um revestimento de plástico, para resguardar da gordura, poeira e da adversidade.

Na alucinante correria do dia-a-dia, lembro-me de uma pausa, de um determinado segundo pelo qual recebi um presente... Era uma foto, nela, estava eu e um amigo... Ele me entregou e me pediu para colocar na geladeira, pois gostaria de fazer parte dos momentos que mais me marcaram... Sem pensar duas vezes eu a coloquei junto das outras fotos...

O tempo passou e com ele aumentou-se a alucinante correria da vida... Eu passava pela geladeira e nem as percebia... Mas a vida sempre consegue uma pausa, e um dia ao fechar a geladeira com pressa, notei que as fotos caíram... Eu parei! Estava com tanta presa, mas... A vida sempre consegue uma pausa...

Um fato me chamou a atenção! A foto que meu “amigo” me dera estava desbotada, suja, empoeirada, enfim, maltratada pela adversidade, entretanto, as protegidas estavam intactas... Num rápido fleche eu me lembrei de alguns momentos que vivi, das amizades que me fizeram sorri e olhei aquela imagem desbotada, e percebi que não via aquele “amigo” há muito tempo e que não me lembrava de sua fisionomia, tentei vê-la pela fotografia, mas o descuidado é implacável... Enfim... Não era legível!

E parado na cozinha, deixei uma lágrima cair... E naquela pausa da vida, eu aprendi o valor do tempo, e passei a respeitar sua soberania... Pois revela a verdade... Revela as amizades. Aprendi muito... Muito sobre descuidado e esquecimento...