Vida!

Gosto das coisas simples. Gosto quando vejo um brilho intenso no mundo dos outros. Quando me olho no espelho e não vejo nada mais que esperança. Quando desejo ter alguém por perto e isso é a mais singela inocência. Quando deito em minha cama, e ela me abraça profundamente.

E como me agrada ver o sorriso nos olhos de que sempre esteve distante, assim reúno as pessoas fúteis que invadem meus domingos e me enchem de monotonia.

Gosto de frases simples como: “você está bem?”. E que me perguntem como estou me sentindo naquele exato momento. E que queiram saber detalhes de como foi cada passo, cada estrada que percorri, mas tenham paciência para entender que eu não tenho paciência para explicar detalhes.

Gosto quando a chuva devagar toca a janela e milhares de pensamentos flutuam em minha mente, milhares de sonhos morrem e outros milhares nascem no mesmo instante.

Agrada-me mais ainda os dias chuvosos que passo em casa dormindo, aproveitando cada espaço de preguiça que possuo.

Gosto dos dias de sol com aquele ar gelado de inverno que me faz recordar a infância, assim as formigas se espalham e percorrem todo meu quarto vagarosamente, indo a uma direção qualquer. Gosto também da poeira nas ruas fazendo sentir que estou viva. Estou viva. E eu gosto.

Gosto de escrever sobre o que estou pensando e ninguém me cobre por isso. Gosto da maneira como meus livros na estante me notam, e quando os observo, lembro-me de cada história que mudou um pedacinho de mim.

Gosto em maior quantidade absoluta de olhar pela janela e ver as luzes dos prédios se acenderem, imaginar que cada luz que está acesa é porque alguém vive ali, alguém sente ali. E eu me agrado em imaginar todas as histórias que acontecem nos lares, os amores impossíveis, a disputa pelo lugar na mesa, de quem é o dia de lavar a louça, até inclusive as brigas de famílias que acabam em tapas.

Gosto de lembrar que tenho centenas de textos para terminar, centenas de livros para ler, coisas para estudar e aprender e não sei se vou conseguir fazer no mínimo a metade, nem que vou estar viva amanha. Só que gosto de não saber, prefiro não saber de nada, apenas que existem diversas variações de possibilidades, e que tudo depende do talvez. Gosto de estar viva. Gosto de viver!

Beatrice Rocha
Enviado por Beatrice Rocha em 14/09/2016
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