Duas Brasílias

Destinos diversos. Uma, teve a anúncio de seu falecimento há um par de dias, ao cabo de uma existência de 56 anos e alguns meses, iniciada justamente no dia em que a capital federal foi inaugurada. Daí ter sido batizada com o emblemático nome Brasília Maria da Costa Góis. Seu momento glorioso foi quando, a convite do então Governador Elmo Serejo, participou dum baile de debutantes, em 1975, em meio à nata da sociedade local.

No início do milênio, Brasília tentou alçar voo na carreira política, candidata a deputada distrital. Recebeu 518 votos, insuficientes para a realização de seu sonho. Uma nova tentativa subsequente foi-lhe barrada por não haver prestado satisfatoriamente contas da campanha anterior.

Com o quadro sanitário comprometido nos últimos anos, embora trabalhadora na mesma área da saúde, foi chamada a prestar contas ao Altíssimo, sem estardalhaço, arrebatada da nostalgia e singeleza de meios de viver.

Eu que debutei em Brasília em 1976, fiquei apenas a um ano de distância de sua tamanha exuberância em florescência. E de um convite também de Sua Excelência. Que ainda aguardo, aguado, mas com Jo-anina paciência.

A outra Brasília é essa que julgamos conhecer e que vai se revelando, sem parar de crescer. Concebida para resolver problemas da inadequação do Rio, e de causar estupefação pela ousadia de JK mundo afora, não sem hora, tornou-se fonte de tanto desvio, e maior desvario. Com tanto deputante, sobrevive à Brasília Góis. Rogai por nóis. E que se lavem seus lençóis.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 13/09/2016
Reeditado em 13/09/2016
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