O FUTURO DE EDUARDO CUNHA, É HOJE...

Das declarações de Eduardo Cunha, dadas à Folha e publicadas hoje, nem tudo são falácias. Tem ele a consciência da falta de representatividade de Michel Temer, que se encontra atordoado, afinal foi eleito na chapa com Dilma dentro de um programa; e o que está apresentando à sociedade é outro, bem diferente. Além de se encontrar refém de PSDB/DEM partidos que perderam as últimas eleições exatamente contra ele e a ex presidenta. Assim, numa reviravolta, temos um programa alheio ao Povo e que se encontra em gestação por quem não ganhou as eleições, mas, aos olhos de todos, sob a batuta de Temer. Não cita a repulsa da sociedade com a ascensão de Temer, e nem poderia, foi artífice do Golpe juntamente com o então vice, prefere jogar as responsabilidades pelas manifestações sobre os ombros do PT. O que se verifica é uma comunhão de sentimentos contra o atual presidente, seja pela forma como assumiu o cargo ( Impeachment controverso), seja pela adoção de medidas para enfrentar a crise econômica, diversa do expresso no programa eleito nas urnas. O fato é que o clamor popular está unindo pensamentos diversos e canalizando uma insatisfação única, pelas diretas, já ! Temer, na condição de vice, se antecipou como GOLPISTA ao apresentar a setores da sociedade ( empresários, principalmente) sua carta de intenções PONTE PARA O FUTURO, urdido e gestado em seu gabinete visando obter a sustentação empresarial ao seu desejo pessoal de se tornar presidente. Na época já apregoava de que ele tinha as condições de governar, mesmo com a ex presidenta em exercício, em palestras na Fiesp e com banqueiros, Tudo sem o conjunto da sociedade, mas para a benção dos mandantes de sempre.

Eduardo Cunha tergiversa a seu favor, preferindo que a Câmara não o casse na noite de hoje, mas que deixem o seu julgamento nas mãos do STF, certo das decisões em ritmo paquidérmico daquela Corte, e, não raro, prescrevendo, como o acontecido no julgamento de Fernando Collor. Ainda, tenta usar o PT como escudo contra as investidas pela sua cassação; a ele, a sua degola como parlamentar, seria um troféu para o Partido, investido do intuito de vingança pelo impeachment. Em suas ilações de defesa, declara que sua punição com a perda do mandato favorece o PT que voltaria fortalecido em 2018, favorecendo a tese de GOLPE contra Dilma Rousseff. A estratégia não é nova, o que ele pretende é se transformar numa causa, despersonalizando sua figura, e tentando ganhar apoios para se safar. É tinhoso na argumentação, cínico, mas inteligente a seu modo.

Hoje teremos condições de saber se temos uma Câmara federal sintonizada com as aspirações do povo, ou se nos decepcionarão mais esta vez...