DAS TRIPAS UM CORAÇÃO
O bom filho muito provavelmente será um grande homem, um bom pai e um bom profissional! Até o próprio Jesus Cristo jamais desobedeceu a sua mãe! Um exemplo disso está inserto na Bíblia, quando nas Bodas de Caná, Maria lembra Jesus que o vinho acabou e Ele providencia novo vinho (João, 2:1). Desse modo os pais sempre foram e devem continuar a ser o esteio ao direcionamento dos filhos. Os progenitores, em todo o caminhar da vida, sabem que não há maior tesouro do que sua prole! Além disso, a eles podem faltar muito do que anseiam para si, entretanto aos filhos, os pais não medem esforços para alcançar e proporcionar alegria e saúde! Não raramente há fases distintas durante todo o crescimento dos rebentos. Há etapas em que o casal é somente carinho incondicional e cuidado, pois o recém-nascido é totalmente dependente e indefeso! De certo, será necessário ensinar cada passo, cada palavra, cada atitude, lhes mostrando a trilha das virtudes! Nessa trajetória, poderá o filho ter mais acertos do que deslizes, quando ouvem os pais. É mister lembrar que lá pelos 07 aos 09 anos de idade, os filhos já começam a ter vontades próprias e, às vezes, querem ir contra as orientações dos pais. Nessa hora é imprescindível ser firme, mas com suavidade e sabedoria, saber lidar com as situações e com os conflitos familiares.
As crianças, em algumas ocasiões, testam as atitudes, medem a paciência, observam as determinações para saberem até aonde o pai ou mãe podem ir com aquele juízo. E para poderem alcançar os fins de bem saber educar e formar, têm de cultivar sobriedade e saber dizer não, de vez em quando, muito mais que o sim! O não é insaciável; o sim é satisfação e comodidade; o não pode ser a porta para diversas perguntas, para uma mudança de rota, para uma nova construção psicoemocional da atitude; o sim por sua vez traz contentamento, certeza e saciedade. Mas como observamos, não é simples distinguir o que será melhor em dado instante. Não é natural ouvir uma criança ficar repetindo o que quer, embaixo do ouvido, ou até chorando sem parar porque, por exemplo, a mãe disse que não é hora de estar na internet. Segundo Selma Fraiberg, psicanalista infantil, norte americana, “uma criança sem disciplina é uma criança que não se sente amada”. O não também é uma forma de carinho, pois aí se inicia a formação sedimentada do homem e da mulher na reflexão dos valores do discernimento. O sim sempre, ainda que tácito, pode ser uma forma acovardada de carinho. Não há relatos comprovados de que um ser humano tenha dado certo, tenha sido bem sucedido, após ter tido suas vontades saciadas em excesso; quando foi bajulado desde sempre ou após ter sido sempre mimado em suas travessuras. Esse menino, possivelmente não saberá valorizar a si e os outros de forma equilibrada. Ademais, há diversos testemunhos de pais que dão castelos a seus filhos, fazem das “tripas coração” e muitas vezes, é formado um ser humano egoísta, antipático, anêmico em suas convicções e que poderá não saber se conduzir de forma digna. Por isso lembremos: “filhos, sede obedientes aos vossos pais em união com o Senhor, pois isto é justo.” (Efésios 6:1).
Há herdeiros, que aos primeiros obstáculos caem e não sabem como se levantar, permanecem estáticos e se enveredam nas drogas, na criminalidade, na ilegalidade e na alienação. Tornam-se pessoas mesquinhas, covardes e pobres de espírito. Que ao menor vento adverso se desesperam, pois não possuem uma base firmada em princípios consistentes. Não desenvolvem visão ampla de que cada experiência serve para o fortalecimento posterior da mente e do espírito. Não enxergam que em cada dia há um novo recomeço mais forte, mais determinado, mais calejado para encarar as batalhas diárias. Faz-se imperioso formarmos cidadãos construtores de fraternidade, com valores de respeito à vida, respeito ao mais idoso; saber dar um bom dia, cumprimentar e saber ouvir; reconhecer o erro, ser gentil, saber se colocar no lugar do outro e também saber dizer obrigado. Observamos que muitos se esqueceram de completamente serem gratos por uma pequena ação que seja apanhar uma bolsa que caiu ao chão e entregar ao dono. Saber dizer: com licença; e perceber que convivemos em sociedade e não podemos fazer apenas o que cobiçarmos. O filósofo e iluminista, Voltaire, nos afirma que “é feliz aquele que desfruta agradavelmente da sociedade! Mais feliz é quem não faz caso dela e a evita”!
Preparar e alertar os nossos filhos de que há um mundo lá fora em que amanhã ele irá enfrentar sozinho é nosso dever. Ele agirá e será forte ou frouxo, conforme as convicções, de acordo com o que absorveu e aprendeu no seio familiar. A família é o esteio do firmamento. Se a família vai mal, o mundo vai mal. Claro que não temos que formar pessoas platônicas, pois ainda que busquemos a congregação, ainda haverá pessoas com atitudes distorcidas, que farão algo para que nos percamos. Ainda assim, temos que ter nossos jovens bem formados espiritualmente, psicologicamente, emocionalmente, para que saibam emitir a resposta justa a que o momento se fizer. Somente assim seremos influenciadores de uma vida mais valorada, fervorosa e mais arraigada em valores sensatos; que serão propagados para sermos uma nação desenvolvida, consciente e sensível aos direitos e deveres. O filósofo grego, Pitágoras, nos transmite assim: “observa o teu culto a família e cumpre teus deveres para com teu pai, tua mãe e todos os teus parentes. Educa as crianças e não precisarás castigar os homens.” O país que queremos tem de ser bem formado hoje. Não esperemos pelo epitáfio! Não esperemos que alguém pague pelos pecados do outro para podermos modificar a nossa atitude!