INFIDELIDADE DE QUE?

A infidelidade conjugal vai deixar saudade em muitos lares, pois, muitos leigos conjugais queimaram em meio ao fogo ardente dos amantes e das traições no escuro da noite, nas alcovas calientes os amores vãos faziam a festa entre beijos e abraços, gemidos e sussurros abafados, arquejantes; grunhidos sentidos em uma noite de prazer proporcionada por infiéis que na luxúria da fogueira das vaidades sexuais, queimavam o hormônio de sua lascívia e erotismo, pulando a cerca, pulando o muro, prevaricando, traindo o cônjuge para satisfazer seus instintos e taras sexuais numa cama qualquer, num leito qualquer, à beira de um rio, um riacho, numa rua escura, dentro do carro, no elevador, no escritório, nos cabarés da vida…

Agora a infidelidade é partidária, ou seja, os partidos políticos querem fazer valer uma lei proibindo os infiéis de traição. Querem punir a infidelidade nos seus quadros, nas suas legendas com a perda de mandato eletivo todo aquele que não rezar na cartilha do partido político. Quem acredita que alguém seja punido por trair?

O casamento é uma instituição milenar e carrega o chifre de séculos na cabeça, nos ombros e não consegue punir a trairagem depois de milênios de infidelidade.

Como é que os partidos políticos querem punir os infiéis? Infiéis a quem? Às ideologias? Aos interesses pessoais de chefes partidários?

Ao nepotismo de cada um querendo a melhor fatia do bolo para si? Trair não é praxe e a característica de todo e qualquer cidadão que muda de partido, de agremiação como se muda de camisa? Mesmo porque, chifre só dói em quem sofre o chifre, nunca em quem comete o adultério! Homem traído, mulher traída, amigo traído, povo traído, desejo traído é tudo tão normal que chega a ser tema de bolero, música brega e das mais gostosas de ouvir com uma lapada de cachaça e um pedaço de tripa torrada como tira-gosto… “Por que me arrasto aos seus pés/Por que me dou tanto assim…” infidelidade partidária é coisa para boi dormir.

E num país como o nosso então, é subestimar a nossa inteligência.

Edilberto Abrantes
Enviado por Edilberto Abrantes em 10/09/2016
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