Ode aos cachos
Olá, cabelos cacheados.
Tive notícias suas semana passada e fui pega por uma onda nostálgica que me trouxe aquela felicidade iminente que tanto falava, há tempos não me sentia assim. Portanto, meu primeiro agradecimento.
O segundo baseia-se na mulher que lhe escreve, aquela garotinha acostumada a aprender acrobacias com você, acostumada com suas mãos grandes afagando num abraço minha adolescência conturbada recém-chegada, acostumada a brincar com seus cabelos cacheados após passar a noite encenando, sendo apresentada ao futuro. Enfim, sua voz veio como uma memória antiga de forma rápida e repentina em minha mente e aquele sorriso acompanhado de uma leve covinha surgiu e lembrei o quanto adorava ouvi-lo falar sobre o mesmo, e suas palavras me trouxeram o discurso daquela noite na lateral do palco após os holofotes se apagarem onde tudo o que restava era o escuro e sua voz me instruindo: "Você vai se tornar uma mulher totalmente independente e tenho certeza disso, jamais abandone seu lado criança que rouba sorrisos porque o mesmo um dia ainda roubará suspiros. Deixe de ser teimosa e permita com quem faça-a se insegura um dia, simplificando, por favor, seja frágil por alguém um dia, cabeça dura." Hoje rio sabendo que inúmeras vezes você chegou perto de ser esse homem, com seu queixo engraçado e sua mania de arrancar todas as flores de todos os jardins para "cazuzear" meus cabelos. É, circense, guardo nossos momentos em um lugar nosso porque sei que se um dia nesse mundo artístico absurdamente grande nos encontrarmos desenterrarei cada piada de esquete e quebrarei cada código de conduta dos palhaços simplesmente para dizê-lo: Cresci e Obrigada por ter me ensinado.