Primeiramente... 
 

Fui conhecer um restaurante vegano na Asa Norte. Local aconchegante, simpatiquinho. No banheiro, um espelho sobre a pia servia também de lousa a quem desejasse deixar seu recado. Bem no alto, sobre dois ou três poeminhas, em letras precisas, alguém grafou: “Primeiramente, fora Temer.” Fiquei tentada a completar: “segundamente, também”. Não é mera implicância de “impeachmentada”. Temer já se mostrou fraco e corrupto, suas propostas até agora só tiram direitos dos trabalhadores e reduzem benefícios das minorias e recursos das áreas sociais e da educação. Seu ministério ficha suja me dá náuseas e a confirmação de minhas piores expectativas, corroboradas pelas inúmeras provas de que a saída de Dilma foi apenas manobra política para o esfriamento da Lava Jato e da insatisfação popular, me desanima. Até gosto de ter razão, mas tudo o que eu não queria era estar certa quanto a isso e que o combate aos larápios que se esbaldam da res publica continuasse, que as TVs seguissem acompanhando de perto as investigações e que o povo seguisse batendo panelas ou indo às ruas em manifestações contra a corrupção, agora engrossadas pelos que querem a saída do presidente e sua corja e a realização de eleições diretas já.
Ainda assim, mesmo com a triste repressão policial e o constrangedor silêncio dos verde-amarelos anti-petistas, os protestos #foratemer avolumam-se país à fora. A situação dele é tão precária que suas aparições públicas têm sido bastante discretas, suas falas, sucintas e sempre sucedidas de vaias e gritos por sua saída.
Então, vejo, no face, a postagem de uma conhecida defendendo o sujeito, dizendo que ele precisa de apoio e paz para governar, pelo bem do País. Ôxe! Viesse com esse discurso em favor da Dilma antes de apoiar o golpe! Mas, nem é esse o ponto.
O fato é que, se ela não servia, ele e seus asseclas servem menos ainda. Estão todos ou quase todos envolvidos com propinas e desvio de dinheiro público.
Para, gente! Tá feio! Não dá pra defender essa canalha. Dá vergonha alheia de vocês.
O discurso não era: “primeiro a gente tira a Dilma, depois, os outros?”
Ainda não é "depois" ou estão esperando a Globo definir quem são os "outros"?
 

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Texto publicado na minha coluna de hoje do Jornal Alô Brasília.