As dificuldades de se criar um filho sozinha
Às vezes fico pensando nas mulheres que têm de cuidar dos filhos sozinhas, sem ninguém por perto, tendo de assumir todas as responsabilidades.
O pai, na maioria das vezes, dá uma pensão de dez por cento do que ganha, para cada filho. Essa quantia de acordo com o salário que recebe, pode ser muito pouco. Na maioria das vezes não dá nem para a alimentação. Todo o resto fica por conta da mãe: Moradia, escola, vestuário, remédios, material escolar, lanche escolar, brinquedos, lazer, condução, etc. Além de todo o tempo disponível dispensado aos filhos.
Somente quem cuida diariamente de uma criança é capaz de avaliar todos os problemas que tem de enfrentar uma mãe para educar um filho.
Desde a orientação com a higiene, hora de alimentação, acompanhamento escolar, no colégio e em casa, no trato com o material, com os deveres, no entendimento da matéria, a paciência de voltar à infância para melhor entendê-los. Há de se acompanhar o entendimento e nivelamento de diferenças educacionais, observadas nos ambientes onde têm de conviver, para que não julguem pelas aparências e aprendam a valorizar cada um na diversidade de hábitos, costumes e valores culturais adquiridos no decorrer da vida. Mas que também, saibam discernir o que é importante e o que é superficial em determinadas atitudes. O que merece cuidados e preocupações e o que pode ser ouvido e esquecido.
É muito fácil contribuir com certa quantia e achar que cumpriu suas obrigações para com os filhos. É muito fácil receber o boletim no final do bimestre e comentar com todo mundo que os filhos são inteligentes e maravilhosos, sem avaliar o acompanhamento que têm para alcançarem tais notas. É muito fácil recebê-los saudáveis duas vezes por mês e fazer comentários negativos sobre as pessoas que se dedicam em tempo integral à educação e ao bem estar deles. É muito fácil fazer-se de vítima quando nunca se deixou a própria individualidade em prol dos filhos. É muito fácil bancar o herói dois dias por mês, quando não se tem a preocupação de correr para o hospital, a qualquer hora, quando estão doentes e ficar com eles o tempo que for necessário, esquecendo todo o resto. O fato de estarem separados não exime os pais de cuidarem dos filhos menores quando eles precisam.
Por tudo isso, há necessidade de serem estabelecidas regras definidas na hora da separação. Principalmente, no que diz respeito à moradia, alimentação, educação e saúde para os filhos, se a mãe tem renda própria. Mas é fundamental que o direito dos filhos sejam preservados, quer em forma de bens imóveis, quer recebendo a porcentagem a que têm direito do fundo de garantia, em casos de desemprego do pai, para que a pessoa que detém a guarda não fique sobrecarregada, sem opções.
Maio de 2003
Benedita Azevedo