Conversar
com passarins
1. Os passarinheiros costumam dizer que, pela voz, são reconhecidos por seus passarinhos. E que eles confirmam que os reconhecem, com trinados prolongados; muito além do habitual.
2. Morando em uma casa espaçosa, com jardim e um frondoso flamboayant, fui, durante anos, criador de passarins. Criei curiós, canários, patativas, graúnas e sabiás legítimos. Coincidência ou não, os sabiás pulavam pra-lá-e-pra-cá quando me aproximava de suas gaiolas, lhes desejando um carinhoso bom dia.
3. Quando passei a morar em apartamentos, perdi o contato com os passarinhos, meus alegres companheiros durante muitos anos.
Passarinheiro aposentado, nem por isso deixei de me interesar por tudo que diz respeito aos nossos pássaros.
4. A Folha de São Paulo publicou, recentemente, uma interessante reportagem, com este título: "Humanos conversam com pássaros para coletar mel na África". A matéria conta a história do pássaro-do-mel "que aprendeu a se comunicar com seres humanos quando estes demonstram estar interessados em coletar mel".
5. E mais adiante: "Em Moçambique, habitantes emitem um som que faz as aves voarem de árvore em árvore atrás das colmeias". Segundo a Folha, um artigo sobre o pássaro-de-mel, destacando a "rara interação entre homem e animais selvagens", foi publicado na revista científica "Science". Creio, que quem gosta de passarinho, vai se interessar por essa notícia, e até correr atrás dela.
6. Lendo essa reportagem, me lembrei-me de um santo passarinheiro chamado Francisco de Assis.
7. Muito bem. Todos sabemos do xodó que tinha Francisco pelos passarinhos. Poderia alongar-me, contando seus encontros e demorados papos com as aves que povoam os céus da sua encantadora Úmbria. Abrir alguns parágrafos falando só sobre a cotovia, seu pássaro predileto.
8. Pareceu-me, entretanto, mais oportuno, transcrever um belíssimo texto do teólogo Leonardo Boff, que recolhi no seu livro "Francisco de Assis - Homem do paraíso". É uma pequena exortação aos pássaros que Boff colheu nos lábios do santo seráfico.
9. Ei-la "Passarinhos, meus irmãos, vocês devem sempre louvar o seu Criador e amá-lo, porque lhes deu penas para vestir, asas para voar e tudo que vocês precisam. Deus lhes deu um bom lugar entre as suas criaturas e lhes permitiu morar na pureza do ar, pois embora vocês não semeiem nem colham, não precisam se preocupar porque Ele protege e guarda vocês".
10. Conclui Leonardo Boff: " Quando os passarinhos ouviram isso, fizeram uma festa à sua maneira, começando a estender o pescoço, a abrir as asas e a olhar para ele. Ele passou no meio deles e voltou roçando a túnica por suas cabeças e corpos. Depois abençoou-os e, fazendo o sinal da cruz, deu-lhes licença para voar".
11. Converse, meu caro amigo, converse com os passarinhos; os de suas gaiolas; os que visitam o seu jardim; e os que, de repente, chegam às suas janelas, trazendo-lhe, num suave gorjeio, uma mensagem de amor... Converse com os passarins...como fazia São Francisco, o Poverello de Assis.
com passarins
1. Os passarinheiros costumam dizer que, pela voz, são reconhecidos por seus passarinhos. E que eles confirmam que os reconhecem, com trinados prolongados; muito além do habitual.
2. Morando em uma casa espaçosa, com jardim e um frondoso flamboayant, fui, durante anos, criador de passarins. Criei curiós, canários, patativas, graúnas e sabiás legítimos. Coincidência ou não, os sabiás pulavam pra-lá-e-pra-cá quando me aproximava de suas gaiolas, lhes desejando um carinhoso bom dia.
3. Quando passei a morar em apartamentos, perdi o contato com os passarinhos, meus alegres companheiros durante muitos anos.
Passarinheiro aposentado, nem por isso deixei de me interesar por tudo que diz respeito aos nossos pássaros.
4. A Folha de São Paulo publicou, recentemente, uma interessante reportagem, com este título: "Humanos conversam com pássaros para coletar mel na África". A matéria conta a história do pássaro-do-mel "que aprendeu a se comunicar com seres humanos quando estes demonstram estar interessados em coletar mel".
5. E mais adiante: "Em Moçambique, habitantes emitem um som que faz as aves voarem de árvore em árvore atrás das colmeias". Segundo a Folha, um artigo sobre o pássaro-de-mel, destacando a "rara interação entre homem e animais selvagens", foi publicado na revista científica "Science". Creio, que quem gosta de passarinho, vai se interessar por essa notícia, e até correr atrás dela.
6. Lendo essa reportagem, me lembrei-me de um santo passarinheiro chamado Francisco de Assis.
7. Muito bem. Todos sabemos do xodó que tinha Francisco pelos passarinhos. Poderia alongar-me, contando seus encontros e demorados papos com as aves que povoam os céus da sua encantadora Úmbria. Abrir alguns parágrafos falando só sobre a cotovia, seu pássaro predileto.
8. Pareceu-me, entretanto, mais oportuno, transcrever um belíssimo texto do teólogo Leonardo Boff, que recolhi no seu livro "Francisco de Assis - Homem do paraíso". É uma pequena exortação aos pássaros que Boff colheu nos lábios do santo seráfico.
9. Ei-la "Passarinhos, meus irmãos, vocês devem sempre louvar o seu Criador e amá-lo, porque lhes deu penas para vestir, asas para voar e tudo que vocês precisam. Deus lhes deu um bom lugar entre as suas criaturas e lhes permitiu morar na pureza do ar, pois embora vocês não semeiem nem colham, não precisam se preocupar porque Ele protege e guarda vocês".
10. Conclui Leonardo Boff: " Quando os passarinhos ouviram isso, fizeram uma festa à sua maneira, começando a estender o pescoço, a abrir as asas e a olhar para ele. Ele passou no meio deles e voltou roçando a túnica por suas cabeças e corpos. Depois abençoou-os e, fazendo o sinal da cruz, deu-lhes licença para voar".
11. Converse, meu caro amigo, converse com os passarinhos; os de suas gaiolas; os que visitam o seu jardim; e os que, de repente, chegam às suas janelas, trazendo-lhe, num suave gorjeio, uma mensagem de amor... Converse com os passarins...como fazia São Francisco, o Poverello de Assis.