UM CAVALO DE TRÓIA COMO LEGADO OLÍMPICO

Numa conversa com alguns conhecidos, discutíamos sobre os possíveis benefícios e equívocos das Olimpíadas do Rio. Minha visão sobre o assunto se baseava em experiências como a da Grécia. Esta, notavelmente, foi uma nação que mergulhou numa crise ainda maior no pós- evento. Se eu seria contra as Olimpíadas? Não, de forma alguma! Assim como não me oponho à eventos como a Copa do Mundo. A questão, entretanto, é mais profunda.

De certo, o Brasil não estava preparado economicamente para a Copa e, nem mesmo, para as Olimpíadas. Seria coincidência toda a efervescência política e econômica após o evento de 2014? Seria uma excepcionalidade a falência do Rio de Janeiro logo após às Olimpíadas?

Meus caros debatedores me acusaram de pessimista e, afirmaram que a infraestrutura do Estado melhorou, e muito. Não discordo de alguns benefícios consistentes. Porém, questiono o nosso desplanejamento para estes Jogos. Sei que que a Copa não se faz com hospitais, assim como deixou claro um ex-camisa 9 da Seleção de futebol. Mas parece incoerente deixar a bolar somente para "inglês ver". Também, entendo que Olimpíadas não se fazem com escolas. Entretanto, soa um ultraje ver inúmeros servidores sem pagamentos em dia.

Não se trata de um discurso "do contra". Trata-se de ser "contra o discurso". Sou desfavorável à hipocrisia que vende uma imagem bem sucedida de nossa capacidade de "dar conta do recado". Valeria a pena alimentar o dragão do colapso financeiro brasileiro? Seria razoável sacramentar o Rio de Janeiro como um Estado quebrado, em troca de 7 medalhas de ouro?

Bem, talvez eu seja mesmo um sujeito pessimista. Quem sabe, não é mesmo?