GAFE DE UM BANCÁRIO - SONHO E PESADELO

GAFE DE UM BANCÁRIO – SONHO E PESADELO

Quando a gente trabalha na carteira agrícola, atendendo inúmeros pequenos proprietários, visitando os sítios, é difícil aquele que não sonha em ter também um, mesmo que pequeno, onde possa plantar algumas árvores frutíferas, colocar algumas vaquinhas, pônei para as crianças.

Essa oportunidade surgiu. Sitiante queria alienar pedaço de sua propriedade inutilizado. Uns oito alqueires. Assim, fiquei dono de um pedaço de terra lá no Guapiranga. Sem benfeitorias, mas toda cercada. No fundo, braço do Dourado. Cheio de árvores, piscoso. Um paraíso.

Mas logo o banco soube e me alertou que era proibido o comissionado explorar a agricultura ou pecuária. Não tive outro jeito se não arrenda-lo. Mais para a manutenção e evitar que estranhos invadissem o local.

Certa safra ele plantou todo de milho. E avisou-me para ir buscar tanto quisesse pois estava no ponto para pamonha etc. Fui e enchi uns sacos e combinamos uma turminha fazer um festiva de milho verde lá na AABB quando ainda era em Guaiçara. Valeu a pena.

Nesta mesma época surgiu um loteamento à beira do Dourado. Uns cinco mil metros. Adquiri um em 12 parcelas. E alienei o sítio. Pago algumas parcelas, veio aquele plano louco do governo: transformar R$1.000 em R$1,00. Liquidei tudo, bem como outras dívidas que tinha.

No rancho fiz casa, churrasqueira, tablado para a pesca. Um paraíso. Todas as sextas-feiras corria para lá e só voltava domingo à noite. Sempre dizia. Quando me aposentasse, iria viver lá. No rancho há até um sino bem antigo adquirido em Ouro Preto. Era de uma igreja desmanchada.

Não deu outra. Aposentei-me, dedicando a outros interesses, jornalismo, literatura. Perdi o interesse pela zona rural. Vendi-o.

É como sempre dizem: Propriedade rural causa duas grandes alegrias. Uma quando se compra e outra quando se vende.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 05/09/2016
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