APRENDENDO COM AS PULGAS
Neocid era um rapaz de uns 15 anos, que morava na outra esquina, um dia fui ao armazém e enquanto eu lia para o seu José o pedido de mamãe, um litro de querosene, um pão de meio quilograma, um litro de leite, 20 achas de lenha e uma latinha de neocid, o rapaz entrara pela outra porta e foi o que bastou para que um levasse um cascudo, pois ele ofendera-se. Depois seu José contou-me que ele era assim chamado porque estava sempre coçando-se e catando pulgas.
Passaram-se anos até que um dia dei-me conta que o exterminador de pulgas havia sido substituído por outras soluções, sem que nenhuma delas liquidasse definitivamente as pulgas.
A briga entre humanos e pulgas remonta de milhares de anos e provavelmente quando a primeira pulga mordeu nossos ancestrais ele deve ter dado uma coçadinha e seguido a vida, sem dar muito importância, então elas foram adaptando-se melhor ao pelo deles, facilitando os pulos entre eles.
Somente o coça, coça já não as combatia satisfatoriamente. A solução era porem-se ao Sol, para que os bichinhos ficassem inquietos e pudessem ser vistos melhor pelos catadores.
Jagadas ao chão, logo voltavam a sugá-los e a solução era esmagá-las, com as unhas ou pequenas pedras, mas isto demorava muito e não davam conta em combatê-las. O melhor era comê-la, alimentando-se e retirando-as em definitivo de circulação, contudo livravam-se das pulgas, mas distribuíam doenças por bactérias e vírus.
Passaram-se milhares de anos sem que novas armas surgissem, além das unhas e dentes, até que fossem adotados venenos e repelentes, soluções que junto ao alívio, por certo tinham outras implicações.
Combatê-las demanda conhecê-las, saber de todas as suas metamorfoses, predileções e condições favoráveis ao seu desenvolvimento. Se hoje tais informações são do conhecimento do mundo acadêmico, então por que elas ainda não foram erradicadas?
Porque nas redondezas deste mesmo mundo acadêmico perambulam pessoas e animais infestados de pulgas.
Combater a criminalidade também requer conhecer os criminosos, o modus operandi deles, a evolução de cada um dentro da escala do crime, suas predileções e condições favoráveis para que se desenvolvam. Para a mesma pergunta, a mesma resposta:
- Próximo, bem próximo circulam os fomentadores do crime.