GOLPE DE MISERICÓRDIA
Não é possível que se cometa ato de improbidade tão vil e, ainda, se peça aos brasileiros que aceitem bem quietos, como de costume. Elevo o tom no início do texto, pois, a mágica realizada pelo Presidente do STF, no que se refere à interpretação equivocada do artigo 52 da Constituição, foi, realmente, espetacular.
Os crimes de responsabilidade inabilitam os governantes para suas funções políticas atuais e, também, impedem que assumam cargos públicos num período de oito anos. Torna-se indissociável, tanto a destituição quanto a inelegibilidade por dois mandatos consecutivos. Não se trata de opinião e sim da norma constitucional. Tal mágica fora feita num total desrespeito aos anseios mais íntimos de nosso povo.
O impeachment presidencial é um processo traumático e doloroso. Já passamos por esta experiência. A exposição pela mídia e a guerra para sustentar a própria defesa desgastam qualquer mortal. Mas, abrir precedente para que uma, agora, ex-presidente possa assumir outras funções públicas, nesse período de inelegibilidade, nos faz acreditar num grande e obscuro acordo.
Por que haveria uma aliança de última hora entre os "golpistas" e as vítimas do "Golpe"? Porquê a conta da pizza sairia mais barata para todos pagarem, é claro. Para evitar as possíveis delações que atingiriam a cúpula do novo Governo, seria necessário abrandar a pena da ex-presidente. Então, dessa forma, percebemos que há mais gente envolvida nesse triste capítulo de nossa República.
Gente que, hoje, posa de Messias, mas também assinava os mesmos decretos suplementares. Gente que apoiava fielmente as políticas de Estado, entretanto, se escondeu quando a tempestade chegou. Parecem até ser gente como a gente, mas não o são.
E, realmente, nunca serão!