Setembro

Mais uma vez esse vai e vem... um mês chegou e o outro se foi. Convenhamos que agosto custou um pouco a passar (creio que não só eu achei isso). Estamos nos aproximando de mais um fim de ano. Setembro já deu as caras. E com ele veio uma sensação estranha, ao menos para mim. Hoje eu acordei com uma vontade de ser outra pessoa. Tentei, em vão, durante o dia todo, deixar para lá, mas esta insisti em não passar. Não é coisa de um minuto apenas. A verdade é que eu estou cansada. E desconfio que seja da vida. Estou cansada de tudo isso, de mim mesma, do meu corpo, do meu ser.

Como se carregassem fardos pesados, meus ombros pedem descanso. Mas também, carregar uma pessoa tão complicada, com uma vida atribulada, não é nada fácil. Me olho no espelho e vejo que alguém aqui precisa de uma pausa, um intervalo ou até mesmo um ponto final em algumas coisas, para começar uma nova poesia, bem diferente da última.

As pessoas normais acordam um pouquinho mais sossegadas e calmas (eu desconfio que estas existam por aí), com a lentidão de quem ainda não assimilou que mais um dia raiou e que toda a rotina se repetirá. Mas eu acordei com a sensação que corri os cem metros mais rápido que o Usain Bolt: estou exausta, só quero tirar aquele uniforme e tomar um banho relaxante.

A roupa era tudo que me marcou em todos os meus anos de vida, que nem são tantos assim, mas que foram muito bem vividos. E o banho seria as águas das novas experiências que almejo vivenciar ou mesmo a nova vida que vou construir, sei lá. Acho que é isso: acordei com a ressaca de uma versão de mim que não queria mais. Daqui para frente, necessito de novidade e calmaria.

Se eu tivesse como deixar escorrer esse meu eu pelo ralo, eu deixaria ir. E sairia pronta para escrever as primeiras linhas de um novo capítulo, mesmo que ele começasse de forma simples, no travesseiro do meu quarto.

Porque eu me sinto exausta.

Só os cacos.

Me sinto em dívida comigo mesmo, mas terei que gastar muito mais para descobrir o que realmente quero. Só tenho uma vontade: me revigorar. Sentir o frescor de um mergulho no mar, vento rápido no rosto, frio na barriga da paixão. Seria interessante provar sensações mais empolgantes pelos próximos trinta dias, sem interrupções, sem receios, sem a velharia de todos os sentimentos que carrego até hoje e me assombram.

Mas eu não sei por onde começar – só sei que, aqui dentro, eu sinto uma vontade de me libertar da caixinha, colocar o rosto para fora e sentir o vento, inspirando um novo ar e viver aquilo que está por vir.

O que desejo para setembro? Novos ares.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 03/09/2016
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