Mais uma mulher na berlinda
Mais uma mulher na berlinda
Por meio deste texto, venho demonstrar minha indignação e inconformismo com o que presenciamos: o que passará para a história como o maior golpe brasileiro e a maior atitude de não democracia no país, o impeachment de Dilma Rousseff.
Mesmo que o objetivo de cada sistema de justiça seja fornecer julgamentos justos e imparciais assistimos com frequência uma comédia de erros na aplicação de leis que tombam diante da corrupção, e pessoas serem acusadas, julgadas e condenadas injustamente.
Ontem, em 31 de agosto e 2016 assistiu-se, no Brasil, mais um caso de improcedência, demonstração de machismo, injustiça e corrupção. Mais uma mulher foi acusada, julgada e condenada sem provas contundentes.
Mas veja só, ela não foi a única. Não é um caso isolado. Há um desfiladeiro de casos de injustiças cometidas contra mulheres no mundo e que, muitas delas, foram apagadas pela história.
Em 2007, uma jovem quando tinha 15 anos, foi levada por furto de um celular para uma delegacia de Abaetetuba, no interior do Pará. Tanto o delegado quanto a juíza que analisaram seu caso tiveram certeza se tratar de um rapaz e a deixaram por mais de um mês numa cela com 20 homens. A adolescente foi estuprada seguidamente, até a OAB do Pará ter ciência do caso. Hoje, ela vive em outra cidade, com uma nova identidade fornecida pelo Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte. A história de Abaetetuba levou organizações de direitos humanos a buscarem e descobrirem outros casos semelhantes.
Presa em 2011, Maria Elayne Soares Fonseca da Silva, 19 anos, considera os 149 dias em que ficou detida injustamente no Presídio de Parnamirim, no Rio Grande do Norte, por tráfico de drogas como uma cicatriz que nunca vai apagar. Uma acusação mesmo que verídica por si só já prejudica a vida do suspeito em vários aspectos. Agora imagine ter a vida virada pelo avesso por uma denúncia infundada e com isso ter que se afastar de familiares, amigos, escola, emprego e ainda "provar" inocência à sociedade que "condena" esses supostos criminosos mesmo antes da sentença da Justiça.
Sally Clark uma solicitadora britânica que se tornou célebre ao ser vítima de um erro da justiça. Ela foi condenada em Novembro de 1999 pelo assassinado dos seus dois filhos, Christopher em 1996, e Harry em 1998, ambos com poucas semanas de vida. Foi interposto recurso mas a condenação foi confirmada, em Outubro de 2000, vindo a ser cancelada em Janeiro de 2003. Em 2007, Sally Clark morreu de envenenamento por álcool depois de não ser capaz de se recuperar dos horrores e falsas acusações de sua condenação e prisão.
Mas o caso de Sally Clark não ficou isolado. Havia vários outros e um dos piores é o de Angela Cannings. Após a morte de seus filhos em 1991 e 1999 e de cumprir sentença por um ano, investigações revelaram que a sua família tinha um histórico significativo de síndrome de morte súbita. Em 2003, sua condenação foi anulada, mas a família já estava separada e ela dessolada.
Nora Wall é uma freira irlandesa das Irmãs da Misericórdia, foi injustamente condenada por estupro em junho de 1999 e cumpriu uma sentença de prisão perpétua antes de sua pena ser anulada. Nora Wall foi a primeira mulher na história do Estado irlandês a ser condenada por estupro, a primeira pessoa a receber uma sentença de prisão perpétua por estupro e a única pessoa na história do estado a ser condenada com provas de memória reprimida.
Tammy Marquardt condenada pela morte do filho cumpriu pena de 14 anos. Hoje ela mantém esperanças em encontrar seus outros dois filhos, que foram colocados para adoção, enquanto ela estava presa. O filho dela morreu de um ataque epitético, ao invés de ter sido assassinado por ela.
Lynn DeJac, que foi condenada pelo assassinato de sua filha. Ela foi exonerada do crime anos depois, quando os resultados da análise de ADN apontaram Dennis Donohue como verdadeiro culpado.
As bruxas de Salem, uma série de processos judiciais levaram à morte prematura aquelas que foram acusadas de praticar bruxaria em 1962-1963, isso mostra como a luta pelo poder dos que estão em posição de autoridade pode afetar o destino e as vidas de pessoas inocentes.
Santa Joana d'Arc, apelidada de "The Maid of Orleans", é uma heroína popular da França e uma santa católica romana. Ela nasceu uma menina camponesa, no que hoje é o leste da França. Alegando orientação divina, conduziu o exército francês a diversas vitórias importantes durante a Guerra dos Cem Anos. Ela acabou sendo capturada e levada a julgamento pelo pró-Inglês bispo Pierre Cauchon, sob a acusação de "insubordinação e heterodoxia" e foi queimada na fogueira por heresia, quando ela tinha 19 anos de idade. Vinte e cinco anos depois de sua execução, um tribunal autorizado pelo Papa Calisto III, examinou a experimentação, pronunciou sua inocência e declarou-lhe mártir.