SE HOUVER GUERRA CIVIL, DEVO TEMER PELO BRASIL?
A bandeira, outrora, escarlate, hoje reaparece em cores menos vibrantes. O martelo separou-se temporariamente da foice, mas ambos permanecem como ferramentas de cunho decorativo, pendurados nas paredes de vários corredores do Planalto. Entretanto, hoje, os olhos passaram despercebidos de tais instrumentos. A atenção voltou-se para a destituição de Havana Rousseff como a Governanta Suprema da Pátria Materna.
Se houve espaço, até entre os advogados de defesa e acusação, para as discordâncias na interpretação da Lei, quem seria este pobre sujeito para derramar opiniões descabidas e desqualificadas sobre os leitores, não é mesmo? Apenas como humano, utilizo meu direito, ainda permitido, de expressar-me de forma marginal, afastando-me de verbalizar sentenças sobre o centro da questão. Prefiro o pensamento periférico que tecer julgamentos dos quais não sou conhecedor pleno de causa.
Porém, minha consciência me permite avaliar e criticar. E estes conceitos podem ser positivos ou negativos, de acordo com minhas culturas e crenças. Sendo assim, avalio que a saída de Havana Rousseff fora necessária por hora. Talvez o motivo tenha sido escuso, e não amplamente respaldado. Quem o sabe? Pode ser que a própria lei permitisse uma margem para interpretações distintas no que tange ao objeto do processo. Sim, é uma possibilidade.
Se, juridicamente, o resultado do processo ainda suscita controvérsias, politicamente, não. Difícil seriam os dias de Havana sem o apoio parlamentar que lhe permitiria governabilidade. Mais fácil seria culpabilizar o Arquiteto do Golpe por toda a sua engenhosidade e sagacidade. Penoso seria admitir derrotas contundentes no Congresso e no Senado, provando, assim, a ingovernabilidade política. Obviamente, o barco remaria contra uma correnteza caudalosa. O fluxo abrupto das águas fora gerado por medidas executivas equivocadas, corrupção visceral e absoluta falta de habilidade na arte do diálogo.
Não solto rojões nesta data, nem comemorarei nossa incompetência cabal como eleitores, muito embora entenda perfeitamente que a manutenção de Havana como a Chefe do estado brasileiro causaria mais transtornos que soluções. Hoje eu temo. Temo pelo Temer. Sofro pelo sangue de inocentes que fora sugado enquanto nosso dinheiro se convertia em moeda de troca para compra de apoio no Congresso. Temo pelo sangue derramado em possíveis conflitos civis, que serão fomentados, não por legítimos beneficiários das políticas sociais, mas por sanguessugas. Temo, mas também sofro.
O Brasil ainda não está Maduro, nem possui moral atualmente. Ou Morales. Estivemos muito mais perto de Havana que da Colômbia nestes dias. Vermelha, até hoje, era a cor da bandeira. Entretanto, se banhada de sangue, voltará a ser vermelha.
E escarlate.
Autor: André Nasser.