MÚSICA BOA

Trabalho em uma escola para crianças bem pequeninas. Uma creche, onde a música faz parte do cotidiano. Dia desses, estava interagindo com os alunos da faixa etária de 4 aninhos. Cantarolava com eles as musiquinhas infantis e, no embalo sonoro, íamos “viajando” nas letrinhas bonitas e fantasiosas. “O sapo não lava o pé. Não lava porque não quer... Borboletinha, tá na cozinha...” e também “Seu Lobato tinha um sítio, ia, ia, ô...” Muito legal, mesmo! As crianças, com as mãozinhas balançando ao ar, marcavam o ritmo musical. Algumas trocavam as letras, mas isso não tirava o brilho de seus olhinhos.

Quão importante é a música para o ser humano! Será que é um alimento ao espírito abençoado por Deus? Se for, estão jogando muito sal nele, deixando tal alimento muito salgado e, em alguns casos, sem acompanhamento algum, como uma sopa insossa. Mas, isso, já estou falando com relação aos adultos que, em sua maioria, se apresentam como profissionais da música. Cantores de botão eletrônico e cheios de efeitos reverberados.

Nas décadas de 60, 70 e 80, as músicas eram obras-primas, com melodias expressivas e letras magistralmente elaboradas. Essa afirmação podemos apontar diretamente em qualquer esfera, seja nacional ou internacional. Infelizmente, hoje em dia, recebemos um “pancadão” musical, em nossos cérebros, diferentemente de um “Imagine” John Lennoniano ou um “Vai passar”, daquele filho do historiador Sérgio Buarque. Resta-nos ouvir um programa que só toca “Música Boa”, com a apresentadora de cara cheia de botox, mostrando um barbudinho que, na letra de sua música, faz questão de fazer a própria propaganda de seu nome: “Fulano de tal e você!”. Comigo não, meu chapa. Para mim, até o som de metralhadora está desafinado. Sem contar com o som eletrônico regado a bebidas alcoólicas, turbinadas com energéticos, os quais matam do coração antes do tempo.

Tomara que a coisa pare por aqui, pois esses jovens estão perdendo sua juventude procurando sons pobres, inexpressivos e barulhentos, onde seus "ídolos" aparecem do nada, no meio artístico, como pokémons em seus celulares, que também não servem para nada, muito menos como telefone!