Vida que Segue

Doeu, não vou negar, não há como acatar mais esta página infeliz da nossa história. Mas nao me causou surpresa a consumação da crônica anunciada do golpe parlamentar, mais covarde que o militar.

Doeu repito, mas o mundo não acabou. o mundo que está olhando para nós o mundo que não concordacom esse tipo de atentado à Constituição. Não acabou também para nós que defendemos a liberdade e a democracia, a vida. Aluta continua, quem tem brio e luta por ideais poode até se abater, mas desesperar jamais.

Mas confesso algo que me surpreendeu (a mim e a muitas pessoas, inclusive foi alvo de observação do jornal americano The Wasghintom Post), a pouca resistência e protestos contra o golpe, principalmente nos momentos cruciais da consumação do golpe.

Faço um parêntese: em 1964, meu pai me dizia, eu tinha 20 anos, que nao haveria golpe porque o dispositivo militar do general Assis Brasilnão permitiria. Mais, que se a diereita tentasse, confofme disse Hércues Pereira, a CGT pararia o Brasil. E acreditava ainda meu pai que os sargentos impediriam qualquer movimentação de tropas, afora sua crença nas massas do campo e das cidades. Veio o golpe, não houve nenhuma resitência. Meu pai foi preso, era comunista, passouseis meses nos cárceres da ditadura. Quando voltou um dia peruntei a ele sobre a não resitência e ele bakançou a cabeça triste. Fecho parêntese.

O mesmo sucedeu agora, não houve quase resistência, só discursos, porquea esquerda abandonou as massas, preferiu os gabinetes do poder, se aburguesou. E a direita se aproveitou da acomodação e dos erros dos aloprados para armar o golpe. Não há por quese esconder isso.

De minha parte estou triste, acho que Dilma não merecia ser cassada. Se há alguém honesto na nossa política é ela. Mas, por outro lado, entendo quea luta deve continuar, com humildade, respeito às bandeiras e enxugando a esquerda dos aloprados e deslumbrados com o poder.

No mais vida que segue. A luta continua. Inté.