SUPERFÍCIE

SUPERFÍCIE

31ago16

O que é a superfície senão o primeiro sentimento. A primeira visão, o primeiro toque, a primeira audição, o primeiro gosto, o primeiro cheiro.

Tudo se resumindo na primeira impressão. E por ser a primeira é surpreendente e surpresa é algo que satisfaz ou contraria uma expectativa. Quando nossa expectativa é satisfeita, ficamos contentes, seja a expectativa positiva ou negativa, para nós o que interessa é comprovar o que pela primeira vez sentimos e isso talvez ocorra por nossa irracional necessidade de sobrevivência.

Amor a primeira vista nada mais é que uma expectativa correspondida por uma serie de comportamentos, a troca dos olhares, os sorrisos, a doçura das palavras, o calor da pele num abraço ou no tocar das mãos o cheiro da química dos hormônios que se misturam e se transformam em mútua atração.

Ao vermos um lago o que enxergamos é o que ele espelha. Os reflexos do que o circunda e sobrepõe, numa realidade distorcida em suas cores e formas que transformam pesadas nuvens de tempestade em oscilantes sombras e contrastes formando deslumbrantes paisagens de variadas tonalidades de uma só cor.

É com estas duas imagens que podemos condensar a nossa humana superficialidade. Às vezes nossa expectativa é abraçada e toda a natureza conspira a favor de uma história de felicidades.

Às vezes nossa primeira impressão de uma deslumbrante paisagem sobre calmas águas não traduzem a poderosa revolta da natureza humana.

Mais do que uma primeira impressão é preciso uma paciente compreensão. Compreensão que vem com a idade e que nos dá o conhecimento da felicidade de que nascemos para servir e então poderemos entender que a segunda chance é prova de conhecimento e profunda sabedoria para sermos humanos.

Geraldo Cerqueira