NOSSOS MODOS DE FALAR
Uma das vantagens desse processo de impeachment é a oportunidade que temos de conhecer as diversas formas de falar do nosso povo.
Temos vinte e sete Estados na federação e de cada um deles, três representantes que perfazem o total de oitenta e um senadores.
Claro que já não mais se encontram aqueles que falem com a melodia do povo propriamente dito, como são articuladas nas feiras livres dos rincões mais afastados, porque, afinal, esses senadores são políticos profissionais que militam nas hostes parlamentares por quase toda a vida e nesses muitos anos de interação coloquial, perdem o sotaque mais carregado, aquela maneira de falar, onde palavras e expressões são aglutinadas, os vícios de linguagem recheados de regionalismos e a melodia da modulação, denunciam a região do orador.
Mas sempre restam vestígios e são eles que dão o panorama das nossas maneiras de falar os diversos idiomas regionais cuja raiz da língua portuguesa, os torna único.
Associadas à modulação, temos as expressões faciais e a linguagem corporal que, na maioria das vezes, denunciam o verdadeiro sentido do que está sendo dito, embora as pausas, as lágrimas (falsas ou sinceras) emprestem o benefício da dúvida quanto à honestidade de tudo o quanto está sendo dito.
Há discursos antológicos onde a forma, a métrica e o sentido estão coerentes, vibrantes, envolventes...
Há também aqueles que de tão verdadeiros, tão contundentes, tão irrefutáveis se tornam jocosos e nos deixam aquela sensação de: por que eu não já disse isso?
Há os que são preparados para iludir, para servirem de cascas de frutas aonde os ouvintes escorregarão sem se darem conta...
Muitas vezes, discursos não revisados, deixam no ar palavras soltas, fora de contexto ou em franco antagonismo com o sentido geral...
Há também erros crassos, que poderiam até serem creditados aos vícios de linguagem, mas que são inaceitáveis quando quem os praticam intitulam-se “professores”.
Ouvimos as palavras gópi em vez de golpe; bribia, em vez de bíblia; exprica, em vez de explica; nivi, em vez de nível e outras tantas barbaridades, solecismos, plebeísmos, pleonasmos, ambiguidades e cacófatos, além das múltiplas formas de se dizer palavra- problema.
Concordamos plenamente com a premissa de que ninguém é obrigado a saber pronunciar qualquer palavra em língua estrangeira, mas pronunciar levandovis em vez de levandovisqui é no mínimo atestar falta de acuidade auditiva, porque o nome do senhor Ministro do STF, Ricardo Lewandowski foi, e ainda está sendo, um dos mais pronunciados nesse espetáculo de maturidade democrática que o congresso nacional está proporcionando a todos aqueles que, desprovidos da miopia do fundamentalismo partidário, possam dele tirar os melhores (e os piores) exemplos.