Mensagens que edificam - 234

O antagonismo religioso, sistematicamente, ao longo da história e das civilizações, demarcou diferenças que de maneira direta influenciaram a formação de povos e o estabelecimento de nações que se fizeram prevalecer por aspectos de crenças. Israel, por exemplo, viu a possibilidade de uma unidade teológico-literária na construção e no fortalecimento de uma identidade nacional. Não é por acaso que ainda hoje, apesar da legitimação oficial eclesiástica não ser oficialmente reconhecida ou acatada como instrumento decisivo no destino e na caracterização moral e ética de muitos povos, como na idade média e parte da moderna, que ainda se perceba garfadas políticas por parte do clero em assuntos que fogem completamente a alçada da autoridade sacerdotal. O mesmo se pode dizer do Japão, onde o imperador ainda hoje, formalmente é reconhecido como um ser humano com dotes divinos, ressaltando que na prática isto vem a cada década se definhando, porque a humanidade está acordando para coerências que coincidam com expectativas racionais e não passionais, motivadas por sentimentos ultrapassados e até folclóricos, quando a religião é posta em causa como intermediadora de percalços existenciais, onde o metafísico trará a resposta e a solução para crises estritamente humanas. A fé vem perdendo o seu espaço, e aquilo que antes era força hoje é manifestação de mediocridade em momentos de se fazer forte diante dos embates, em vez de ficar olhando para o céu, ou de joelhos clamando por uma intervenção miraculosa e divina. Onde está Deus, em meio a todo este caos? Na literatura, na liturgia, na expressão da devoção e crença? Na inatividade ou na inércia evidenciada por preces e orações em vez de ações? O mundo seria ou estaria bem melhor, se em vez de pedirmos à um deus, soubesse que a sua força transformadora está no seu potencial de lutar por aquilo que quer, ao invés de primitivizar fazendo a dança da chuva.

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 30/08/2016
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