DESESPERO E OBSESSÃO

Medo, Pavor e Desespero

Quatro vidas interrompidas

Interrompidas bruscamente

Mente em desespero de um pai

De um pai provedor, sofredor

Que no desespero não recorreu

Ao Todo Poderoso nosso Pai

Incertezas quanto ao futuro

Horizontes sem sol, sem rumo

Falta de fé na esperança da vida

Horizontes obscuros, sem direção

Balanço da vida em angustia

Deficit na carteira financeira

“Me preocupa muito

Deixar a família na mão”

Não posso mudar meu padrão

Não posso sair da Barra

E subir a Rocinha nem em Paciência

Na Baixada Fluminense nem pensar

Não posso de padrão mudar

O que irão pensar?

Deve ser desesperador

Ter agora de se locomover

De trem ou metrô e

Na hora do rush se apertar no busão

Deve ser frustrante ter que

Matricular os amados filhos

Na escola pública da periferia

De qualidade precária e deficiente

Deve ser muito preocupante

Agora depender da moribunda

Saúde publica em decadência

“ Não tem jeito, o melhor

é acabar com tudo logo

e evitar o sofrimento de todos”

Nesses momentos de desespero

O que fazer?

Sofrer em silêncio angustiante

Com a satisfação dos obsessores

Afinal, não posso demonstrar fragilidades

Tenho que manter a minha fama

De um bom pai provedor

De um cara bem sucedido e feliz

Coitados! Inocentes, não sabem de nada

Até para os meus devo manter minha fama

Por amor não devo preocupa-los

Deve ter pensado o pobre pai infeliz

Três vidas interrompidas

Por alguém que deveria protege-las

Quatro vidas bruscamente interrompidas

Antes do tempo estabelecido pelo Pai Maior

Vidas ainda por sonhar um futuro

Quem sabe de um mundo melhor

Mas o pai infelizmente parecia

não acreditar em sonhos

Medo, Pavor, Desespero

Falta de esperança e fé

Portas abertas para a sombra da obsessão

Engolir em seco a saliva

E chorar silenciosamente no chuveiro

E sair do banho sem demonstrar preocupação

Orgulho e vaidades do ego de um

Provedor bem sucedido

No intimo o desespero angustia

O medo do futuro sem perspectivas

Mais um chefe de família desempregado

Apenas mais um número para as estatísticas

Cai o status, o padrão social, cai o pai

Da classe média para vergonha da pobreza

Deve ter pensado o pobre infeliz

Por amor, por egoísmo, por falta de fé

Resolveu partir antes do tempo

E levou consigo seus amores

Sofrer em silêncio deve doer mais na alma

Nesses momentos cruciais

O orgulho deve ser deixado de lado

E pedir aos Céus e aos verdadeiros amigos

Um alento, um apoio, uma ajuda

A ajuda do Todo Poderoso tarda mas não falha

“Andar com fé eu vou que a fé não costuma falhar”

Nesses momentos toda ajuda é bem vinda

Ajuda o amor e união da família

O apoio dos familiares e amigos verdadeiros

Os confrades de fé e até o apoio emocional do CVV

Centro de Valorização da Vida para se trilhar um

Caminho Verdade e Vida e o equilíbrio encontrar

Um caminho que por ignorância o pai não trilhou

O desespero o cegou e não pode ver a luz do Senhor

Por pior que seja a situação sempre há uma solução

Mas não nos cabe agora o julgamento

Como seria se eu estivesse nessa situação

A fome a gritar no estomago dos filhos

Só nos cabe agora rogar a Deus

Que a Espiritualidade tenha misericórdia

Dessas Almas que partiram antes do tempo.

No dia 29 de agosto um pai de família mata a esposa enquanto dormia e em seguida joga seus dois filhos um de 6 e outro de 10 anos pela sacada do apartamento do 18º andar e também sai da vida se jogando em seguida. Um pai desempregado em desespero e com medo do futuro incerto.

Jô Pessanha
Enviado por Jô Pessanha em 30/08/2016
Reeditado em 07/09/2016
Código do texto: T5744561
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