COMO SE FAZIA UM JORNAL
Lá pela década de sessenta, com dezessete anos, iniciei timidamente a enviar meus escritos ao jornal “Correio de Promissão”, semanário, quatro páginas, que circulava aos domingos.
O diretor, Tortoza, se propôs a publicar, desde que eu compusesse o texto, isto é, pegar letra por letra e ir montando num aparelhinho chamado componedor. Cada três linhas, pegava-o e colocava numa chapa plana. No início era demorado e cansativo. Ficava madrugada adentro, após a escola noturna, fazendo o serviço. Mas uns meses após estava prático. Era preciso também fazer a prova e providenciar a correção. Pegava as letras incorretas com uma pinça e colocava as corretas.
Depois da impressão do jornal, vinha o pior. Desmanchava-se tudo aquilo e pegava os tipos para colocá-los nos devidos lugares, isto é, letra A, na gaveta da letra A e assim seguidamente.
Mas ver algo de sua lavra impresso, compensava todo aquele trabalho. Com o tempo, ousava até diagramar melhor, dando um visual mais bonito.
Foi bom enquanto durou. O jornal era deficitário, mantido por teimosia do proprietário, o saudoso Miguel Martin Gualda, que foi prefeito por dois mandatos.