CONTROLE REMOTO (NÃO DÁ PARA VOLTAR ATRÁS)

Olhando ao redor, raramente encerramos a dimensão de tudo o que está sucedendo conosco ou mesmo com quais convivemos. Desse modo, se não nos voltamos para nós mesmos e buscarmos equilíbrio emocional, podemos engendrar ou fazer coisas que extrapolam as atitudes habituais e comuns ao ser humano. Em incertos momentos podemos até deixar de acreditar, a visão pode estar turva, as mãos podem estar frias e suadas e pode haver a vontade de agir apenas com o que povoa a mente. Naquele momento podemos passar por um desespero, nervosismo ou um por instante em que outros querem, importunando ou denegrindo, abalar a sua paz interior. Lembremo-nos aqui do cientista alemão, Albert Einstein, que certa vez afirmou que “viver é como andar de bicicleta: é preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio”.

O que fora demonstrado nas linhas anteriores está muito mais próximo de nós do que imaginamos. Somos um complexo de sensações, sentimentos, reflexões, mas somos também carne e osso. Temos conosco uma força interior que nos impulsiona ou então nos orienta a diversas conjecturas e ações. Quando não desenvolvemos o conhecimento, a reflexão sobre as consequências de alguns atos, tudo o que fora construído em anos e anos, pode se destruir e se desmoronar em minutos. A formação da personalidade deve estar sedimentada em algo muito maior do que a visão pode alcançar. Os valores éticos e morais devem se sobrepor a qualquer tipo de interferência externa que se coloque com feitio a desmantelar o arcabouço da estrutura do homem. E podemos nos indagar sobre o porquê de se buscar ideia tão imaculada, de se voltar o raciocínio e o coração à caridade, ao passo que há um mundo lá fora que, eventualmente, não tem escrúpulos para lidar com a vida e com a valorização do bem. Ensina-nos o líder religioso, Dalai Lama que “para cultivar a sabedoria, é preciso força interior. Sem crescimento interno, é difícil conquistar a autoconfiança e a coragem necessárias. Sem elas, nossa vida se complica. O impossível torna-se possível com a força de vontade”.

Em meio a tantos, se percebe que cada um se envereda por um caminho, por uma estrada. Alguns sabem exatamente o que querem e se mantêm firmes na pedra dorsal; outros estão à deriva, à míngua, estão totalmente alienados, sem rumo, desconfiados, com medo, sem a mínima estrutura para continuar seguindo. O poeta chileno, Pablo Neruda, nos diz que “somos livres para fazer as escolhas, mas somos prisioneiros das consequências”. Dessa forma aqueles podem experimentar de tudo o que lhe acometem e não se sensibilizar com a miséria, com a tristeza, com a falta de educação, com a ilegalidade. Ainda assim podem viver como se tudo fosse normal, como se não houvesse lei e como se não houvesse referência. Estão no planeta, mas o que existe nele não os importa e não lhes comovem. Há que se ter uma visão holística do todo. Há que se ter uma força interior maior que impulsos impensados. Partindo dessa ideia, nos afirma George Eliot, escritor britânico, que “a responsabilidade da tolerância está com os que têm a visão mais ampla”.

É oportuno lembrar que todos têm uma individualidade e idiossincrasias. E em momentos exatos, quando seria bem propício ficarem calados, não se seguram e abrem o verbo - dizem que se sentem bem em ser o que são; em dizer o que dizem e em fazer o que fazem. Mas será? Segundo o livro sagrado, em Mateus, 15, 11, “o que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem”. Não ocasionalmente, o preço que se paga por se querer ter sempre razão é muito elevado e pode custar uma ou mais vidas. Outrem podem até dizer que, em certo ponto, algumas ideias nos direcionam para agirmos sempre de maneira prevista e normatizada, tornando as coisas monótonas e iguais, em que toda ação já é prevista - como se acionássemos um controle remoto. Em outras palavras, inferimos que quando há uma congregação, as forças das ideias e das ações são muito mais coesas; mais razoáveis e há a certeza de que todos estão volvidos para o mesmo sentido, isto é, quando há uma padronização das condutas, a construção dos objetivos ocorre mais naturalmente, sem que haja um dispêndio desnecessário de energia para que os desempenhos e os resultados sobrevenham com mais agilidade, qualidade e com maior tranquilidade.

Consoante a Benjamim Franklin, jornalista e diplomata americano, ”se você deseja um trabalho bem feito, escolha um homem ocupado; os outros não têm tempo”. Por isso é mister uma inabalável e determinada disposição diante do transcorrer da existência, diante das desventuras que podem nos acometer, pois as possibilidades são infinitas. Assim também, Padre Fábio de Melo nos alerta que “hoje, neste tempo que é nosso, o futuro está sendo plantado. As escolhas que procuramos, os amigos que cultivamos, as leituras que fazemos, os valores que abraçamos, os amores que amamos, tudo será determinante para a colheita futura”. Os resultados abundantes e indefectíveis somente serão garantidos se realmente tivermos conosco uma visão descarregada de penduricalhos maléficos e carregarmos a leveza da projeção da ação para atuarmos com preparação para um futuro promissor.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 27/08/2016
Código do texto: T5741670
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