Eu sempre tive azar pra fones de ouvidos e travesseiro.

Num mundo cheio de pressa o que me acalma é as minhas bandas "indies " meio depravada com letras gritantes em busca de um poder absoluto chamado amor.

Eu com pressa mais ainda pra viver, coloco meus fones de ouvidos que já meu décimo quinto esse ano, pra delirar no ônibus, na rua, na sala, aumento no máximo do volume e vivo num complexo do mundo que criei escutando minhas músicas revolucionárias da alma.

Meu sangue é do Rock, minha vida é um soul misturado com as agonias do dia-dia. Meu é trabalho de exatas e meu mundo de humanas me perturba, com meus fones no ouvido mergulho em mim mesmo e me pergunto, se uns trocados no fim mês vai mudar minha vida daqui a dois, três anos...?

Complexado mais ainda, me deito na cama a noite e penso e repenso e acho que tudo isso é escolha pra vida, é uma fase, que tudo é ponto de partida e um ritmo pra chegar ao FIM.

Dai eu me pergunto, que fim é esse?

É a morte?

É o último turno de trabalho?

É a minha última transa?

É o meu último olhar penetrante?

Que fim?

Paro pela nonagésima vez e penso, acho que o FIM mesmo é me deitar na cama com a cabeça tranquila e refletir.

-Por que eu não compro um travesseiro novo? É quarto só esse ano.

-Por que meus fones não funcionam?

-Por que meu travesseiro não é mole?

-Por que eu não tenho sorte com fones de ouvidos e travesseiro?

Meu eu responde:

Tudo é questão de SER, tua vida é enrolada e barulhenta que nem teus fones.

Tua mente é tão dura que nem teus travesseiros que não deram certo.

Quer um dica?

-Não! Obrigado!

-Só quero dormir mesmo.