Silêncio no Olimpo
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(após encerramento das Olimpíadas no Brasil)
O que era breve, findou:
As bolas na areia
As redes no meio
Os saltos no ar
As flexas no rumo
Os tiros no alvo...!
No caminho de obstáculos,
cavalos e cavaleiros incólumes.
Na arena de cordas,
punhos e golpes
tingidos de sangue e de dor,
clamaram os louros da vitória e gemeram o fardo da derrota.
Nas raias de concreto e de grama,
de areias e de águas,
fez-se o clamor universal,
unânime, gritando “vivas” aos
hodiernos e insaciáveis gladiadores.
Agora,porém,
passados os combates dos homens e das sombras,
os gritos e os fogos de artifício jazem no silêncio.
Os pódios e as glórias gritam no vazio
pois já não há quem os ouça.
Os passos silentes
As mãos recolhidas
Olhares fechados
Os gritos calados
O pranto engolido
O riso ocultado
Os golpes cessados
A dor reprimida
rumina a derrota
de insitência atróz.
Os breves raios de sol se escondem
e as gotas de chuva o fogo apaga.
Arrasta consigo o último golpe,
a dança derradeira,
o salto final para o outro lado da História,
para além do borburinho efêmero das multidões
e dos desventurados deuses
de fumaça que brincam e jogam
no tabuleiro das vidas humanas.
Á nós, mortais, cabe o querer, o desejar,
reclamar o legado, direito nosso de cada dia,
da saúde sem filas,
do estar seguro sem cercas,
do praticar o ofício que tem o pão como recompensa,
do vislumbrar horizontes,
do abrir do futuro as portas.
Nós, que os olhares do pódio não merecemos,
Nem o pulsar das glórias terrenas,
Nem o sorriso do gigante das águas
ou um aceno cordial do vento de passadas largas.
Se o futuro não espelhar-nos essa grandeza,
ou não abrir-nos os horizontes,
tudo o que foi celebrado: a tocha em fogo, os “vivas”,
os pódios, os fogos de artifício e os olhares do mundo,
resultará inútil. Se o povo, nascido do ventre desta terra não colher os frutos,
se não houver como enxergar o amanhã de tempo novo
para a pátria mãe, pátria amada , Brasil.
Pois, agora, o vazio grita ao fogo ausente,
como á fazer a última chamada.
Agora, são só o eco dos gritos das vitórias
e do pranto das derrotas,
espectros do Olimpo
dos falsos deuses da breve alegria,
que respondem:
“ Presente “!