Mania

[Alarme tocando 8h da manhã]

Eugênio fazia tudo de maneira metódica. Acordar 8h, higiene, café e sair. Chegar ao ponto de ônibus 8:30h. Pegar o ônibus das 8:40h. Daria tempo para mais um cafezinho da “tia” do ponto. Saltar no ponto em frente da empresa 8:55h. Passar o crachá na portaria às 9h em ponto.

Perfeito!

Para cada horário já estava descontado os imprevistos. A cafeteira desprogramada, o atraso do ônibus, um pequeno trânsito e outras coisas mais. Tudo de maneira metódica.

Todos os dias, Eugênio passava o crachá às 9h. Quando chegava mais cedo, aguardava no hall conversando com o porteiro. O negócio virou uma mania. Chegava a sonhar e algumas vezes ter pesadelos. Essa mania atrapalhava Eugênio de arrumar namorada. Era praticamente um antissocial. Eugênio não era chato, era até inteligente, mas tinha manias.

Não deixava chinelo virado, não gostava do número 13 e seus múltiplos, lavava as mãos toda vez que chegava da rua, etc., etc., etc.

A mania de Eugênio se tornara referência de tempo para algumas pessoas, como a “tia” do ponto de ônibus, alguns colegas do trabalho e o porteiro.

Certa vez a “tia” do ponto de ônibus estranhou a ausência de Eugênio. O porteiro não lembrava de o ter visto passando o crachá às 9h. Antunes perguntou por Eugênio na reunião da diretoria. Chegaram a brincar com a falta do metódico Eugênio: “É o fim do mundo!” ou “Vai chover!”

No dia seguinte, uma rádio informava: “Homem de 30 anos foi encontrado morto em seu apartamento. Suicídio”

Na empresa ninguém acreditava. A “tia” do ponto de ônibus ficou chocada. O policial que atendeu o chamado comentou com os vizinhos que encontrara Eugênio enforcado no banheiro e no quarto o alarme piscava ininterruptamente 12:00h.

Rodiney da Silva
Enviado por Rodiney da Silva em 24/08/2016
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