TUDO A VER
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Carnaval do Rio:ricas e criativas alegorias. Jesus nutria inteligências e corações com parábolas.De metáforas nos fartamos, almoço e janta. Alimentamos e ruminamos e remoemos ideias e emoções. Mas “philosophymakes no bread”: Ideologianão enche barriga. Haja vista os discursos vaziosmastigados pelos políticos, o que nos deixa a alma a ferver, a discussão esquenta, o sangue fervilha nas veias.Nosso organismo não digerelábias. Melhor seria degustar receitas palatáveis. Não dá mais para engolir.Ou se come de raiva. E não se nutre. Um bate-papo que não enche o papo. Mas tapeia. Força da abstração, fome de votos, eleitor no papo.Nunca antes, na culinária deste país, se serviu tanta gororoba. Desse jeito dá enjoo e vontade de vomitar. O líquido reflui.
A ambição devora nossas autoridades e políticos, que consomem nosso tutu. Nossos doces sonhos se tornam amargos e se vão noprato feito de mexido azedo e indigestoque eles nos servem cozinhando o galo com ideias refogadas e grelhadasno forno, em fogo baixo, em banho-maria.Nutrem, desnutrem nossa esperança comsaladas de promessas. O mercado não aquece. O povo sobrevive raspando o fundo do tachoenquanto eles e seus comensais se refestelam em regabofes, vinho e uísque.
Passamos a vida pensando, falando e pisandometáforas, pois elas põem a mesa. Que o digam economistas e chefes de cozinha. A semelhança do título, em português, do filme O Carteiro e o Poeta, poderia ser feito O Cozinheiro e o Poeta. No fundo, poesia é metáfora. Vejam só! Sarcástico, em grego, significa comercarne e se relaciona com sarcófago, literalmente um túmulo para a carne, comedor de carne, carnívoro. Também o homem do campo faz uso de metáforas à saciedade. E ainda há quem não aprecie poesia.
Panela velha é que dá comida boa vai além, por analogia, do seu significado literal. Finalmente, a bíblia manda comer o livro, de sorte que a nossa boca se torne doce de onde corre leite e mel.