Caderno Escolar

Minhas filhas estão fazendo uma limpeza geral nos meus guardados, seguindo orientação médica que mandou que fosse afastado tudo o que é de papel velho, inclsuive livros de perto de mim. Dói muito me desfazer desses guardados, mas que posso fazer?

No meio dos "trecos" iam levandoum velho caderno escolar, ele tem mais de 40 anos onde eu anotava versos e frases. Consegui uma liminar impedindo a sua destruição. Meu velho caderno...

Comecei a dar uma olhada e constatar como gostava da ternura de alguns versos, como este: "Minha terra tem palmeiras/ ondecnta o sabiá/ as aves que aqui gprjeiam/ não gorjeiam como lá". Besta? Nao,tem sentimentoe ternra, amor telúrico. E noutra página o verso de Ataulfo Alves: "Eu igual a toda a meninada/ Quanta travessura eu fazia/ jogo de botão na calçada/ Eu era era feliz e não sabia". Mais adiante dois versos de duas guarânias de Luiz Vieira: "Esta saudade queé de ti me alucina/ me desespera, esta saudade me tortura". A outra: "Saudade, bichinha danada/ que em mim fez morada/ E nao quer se mudar; Tem gosto de jiló verdinho/ plantado na lua nova do penar".

E na última ágina há um oema de um grande poeta de Pesqueira. Eliseu Elói, poema que adoro: "Eu amo a minha cidade natal/ As suas suas tortuosas/ cheias/ dessa doce melancoliadas cidades paradas/ onde a roda dentadadoprpogresso/ parece entravada em sua marcha para oalto.../ A Rua 15/ A ex-rua dos namorados.../(Ai! lembram-se vocês dos bons tempos de outrora?)/A Rua15 dorme cedo/ como essas pobres moças enfermasd quetêm medo do sreno./ O pátio da Igreja/ onde há feira semanal./ Bru-ha-ha.../Paneas de barro./ Feijao mulatinho./ muletsde falsos aleijados,/crianças maltrapilhas esmolando...".

As filhas diigitaram o caderno e eu dei adeusa ele. Dei adeus ao passado. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 22/08/2016
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