MEDALHA DE PRATA

20ago2016

Dizem que nós brasileiros não desistimos nunca. Por que será? Talvez seja por uma vontade extrema de provarmos que somos capazes. Mas aí não seria uma comprovação de certo sentimento de inferioridade? As historias ou estórias (mineiro sempre desconfia, até da historia de Tiradentes) que contam dos nossos medalhistas são sempre semelhantes alguém que veio das zonas pobres, de comunidades onde imperava o trafico, onde apareceu alguém de bom coração que através do esporte resgatou aquele ser encaminhando-o para as vitórias como ícones exemplares da superação.

Estranho também a quantidade de tempo de nossas mídias falada, escrita e televisada, dedicadas aos acontecimentos policiais das olimpíadas a ponto de fazerem plantão nas delegacias. Não me lembro de tal cobertura em Londres ou em Pequim, será que não houve atletas penetrando em eventos cuja credencial não permitia? Será que nenhum atleta fez xixi no chão de algum banheiro de posto de gasolina? Atletas são jovens na sua grande maioria e jovens são contraventores por natureza. Jovens testam limites.

Nossa necessidade de afirmação também é verificada pela importância que o noticiário dá às frases elogiosas as olimpíadas no Brasil. Basta um atleta que retorna ao seu país dizer que já tem saudade do Brasil ou a mídia internacional citar a festa ou a organização para vermos e ouvirmos por várias vezes.

São quarenta os esportes de nossa olimpíada, salvo engano, por que temos que ser competentes em todos. Não seria mais fácil nos dedicarmos a dez, quinze ou vinte esportes e neles primarmos pela excelência concentrando esforços, verbas, recursos e foco. Desta forma teríamos campeões e o nosso numero de medalhas seriam multiplicadas em pouco tempo.

Em tudo e por tudo somos um país que quer e precisa se sentir reconhecido. Se nos preocupássemos mais como nos vemos do que como somos visto seguramente abriríamos nossas mentes e curaríamos nossos complexos.

Hoje nos consideramos derrotados ou no mínimo frustrados se não somos medalha de ouro.

Por enquanto somos um país da criatividade e do improviso, precisamos do conhecimento que nos dará a segurança.

Sem segurança seremos “só” medalha de PRATA.

Geraldo Cerqueira