PININHA E AS OLIMPÍADAS

Gegê, voltei!

Ah! Que bom... Por onde andou? Seu celular não atendia. Pensei que tivesse adoecido, sido sequestrada.

Sequestrada? Só se fosse por um disco voador, para fazer faxina num outro planeta.

Quinze dias sem dar notícia. Isso é quase abandono de emprego. Que história vai inventar desta vez.

Fui pras Olimpíadas. Rio de Janeiro. Cidade Maravilhosa.

Ai! Pina. Inventa outra.

Verdade, Gegê!

Com que dinheiro?

Ganhei quase de presente.

Como assim?

Sabe a Zica, companheira do Zico, que mora lá na Vila...

Já sei quem é...

Pois é... Ela tinha sido contratada por um casal de bacana... Gente assim quase igual à senhora...

Pina! Vai logo com essa história.

Ih! Tomou sua “valeria” hoje?

Pinaaaaaa!

Tá bom... tá bom... O casal ia para as Olimpíadas e precisavam de uma babá. Aí, o Zico não deixou a Zica ir e eu fui no lugar dela. Pronto! Contei!

E não me avisou?

Se avisasse, quem não ia me deixar ir era a senhora.

Vou fingir que acredito. Vai fazer os serviços atrasados e depois você me conta a verdade.

Verdade? Mas é verdade. Eu assisti a um monte de jogo, competição de corrida, pular, vi uns homens gigantes, umas mulheres que pareciam de borracha. Tinha até uns, que acho que eram tudo parente do Seu Takeo. Uns jogos eu não entendia nada, mas foi legal. Torci tanto, tanto, que quase esqueci o filhinho deles na geral.

Estou começando a acreditar nessa história.

Gegê! Você me explica umas coisas desses jogos.

Se eu souber...

A senhora viu algum jogo pela TV?

O que deu. Era muita coisa.

Viu o Tênis? Eu fui lá uma tarde. E não entendi.

Vi... O que você não entendeu? É tão simples. É só jogar a bolinha para a quadra adversária.

Isso que eu não entendi... Se precisa jogar a bolinha para o outro jogar de volta, por que jogam a bolinha longe e tão forte e comemoram quando o outro não consegue devolver?

Pina! É que tem que fazer o outro errar.

Isso que eu não consigo entender. Pra que jogar então, se o mais legal é quando um rebate para o lado do outro?

Ai! Pina! Que mais você achou estranho?

Eu achei divertido um parecido. Também era com raqueta. Jogavam uma peteca por cima da rede de vôlei. Os parentes do Takeo ganhavam tudo. Parece que chama “BodeMilto”.

Badmington, Pina... Badmington...

Isso aí, Gegê.

Agora ao trabalho, Pina.

Peraí, tem mais uns esportes estranhos.

Quais?

Fazer cavalo pular é esporte?

Claro! Hipismo.

Os cavalos tudo de crista arrumada. Eles fazem “chapinha”?

Ai... Ai... Ai... Ai... Ai...

Tem um esporte que é bem brasileiro.

Futebol?

Não! Gegê... Descer rio a remo... Lembrei-me dos bombeiros quando vem socorrer na enchente. Lá na Vila tem muito, quando chove forte.

.....

Gegê... explica uma coisa pra mim...

O que mais?

Por que não tem Olimpíadas todo ano?

Ai! Pina... É muito caro fazer uma Olimpíada. Por isso, só a cada quatro anos.

Hum!...

Por quê?

Porque eu gostei de sentir-me importante. A senhora nem imagina como... Agora acabou... Volto a fazer comida, limpar a sala, lavar banheiro... Pegar ônibus lotado.

É a vida, Pina!... É a vida... As medalhas são para alguns.

Medalha! Ah! Ganhei uma.

O que?

Vê, Gegê... O casal me deu uma medalhinha... Um pingente com um coração... Disseram que é de ouro... Será que é?

Se for, você deve ter merecido, Pina.

Mereço um aumento e umas folgas?

Ah! Pina... Já pro trabalho...

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 21/08/2016
Código do texto: T5735592
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.